O advogado Frederico Gonçalves Junkert admitiu que, no Brasil, há pouco conhecimento sobre o liberalismo econômico, inclusive entre os empresários. E, mesmo quem conhece e defende o modelo, tem de se dobrar diante do tamanho do Estado brasileiro. "O empresário não tem opção se não apelar aos burocratas." Essa "falta de opção", na opinião de Junkert, está comprovada pela operação Lava Jato, que levou à cadeia os donos e executivos das maiores empreiteiras do País.
O advogado acredita que há dois tipos de empresários: o "de verdade" e o "capitalista de conluio". "O verdadeiro busca a liberdade econômica. O outro procura as benesses do Estado por meio de contratos para viabilizar a venda de seus bens e serviços", declarou.
Questionado sobre a concentração da indústria automobilística nacional e sua relação com o governo, sempre pressionando pela liberação de recursos ao setor, ele justificou: "Ela foi desenvolvida numa visão de protecionismo desde os anos 1950. Em vez de buscar o mercado global para vender seus produtos, prefere fechar o nacional para não sofrer concorrência estrangeiras".
De acordo com Junkert, o BNDES colocou R$ 1,3 bilhão de recursos públicos na economia brasileira nos últimos cinco anos e isto "custou R$ 400 bilhões aos contribuintes", diferença entre o que o banco estatal paga para captar o dinheiro no mercado e a taxa subsidiada que ele cobra pelos empréstimos.
Apesar de ver um "movimento liberal nascente no meio intelectual brasileiro, que ainda não se constituiu como força política", o advogado não acredita numa reforma liberal no País em "curto e médios prazos".
Arthur Versoza, presidente da Conjove da Acil e diretor da Enge Brazil, também admite a falta de conhecimento dos empresários a respeito do liberalismo. Para ele, a sociedade, incluindo os empreendedores, se acostumou ao "paternalismo" do Estado. Mas garante que a empresa que ele comanda com o pai não tem nenhuma relação como o governo. Para Versoza, a universidade brasileira precisa ensinar também o pensamento liberal. (N.B.)