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| Foto: Arquivo FOLHA
O lucro do produtor de leite está nos centavos, por isso é importante investir na gestão da propriedade



Recorde atrás de recorde. Os valores recebidos pelo produtor de leite continuam em disparada nas principais regiões que trabalham com a matéria-prima, incluindo o Paraná. Se em 2015 a situação estava caótica dentro da porteira, agora a "montanha russa" do mercado coloca os preços no topo, dando um certo alento ao produtor, que ainda sofre com os elevadíssimos custos de produção.
Os números do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontam para um aquecimento forte dos preços. A média nacional – que considera o volume captado nos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Bahia – disparou 12,9% em julho ante junho e 30,7% em relação ao mesmo mês de 2015. O valor médio bruto pago ao produtor (incluindo frete e impostos) foi de R$ 1,49 o litro, e o valor líquido, R$ 1,38. Estes são os maiores preços praticados desde o início da série histórica da entidade, iniciada no ano 2000.
No Paraná, o Cepea também atesta recorde histórico. O valor médio foi de R$ 1,47 bruto para o litro e R$ 1,36/l líquido, mas em algumas regiões atingiu a marca de R$ 1,47/l. Antes do recorde atual, o maior valor tinha sido de junho, por isso a tendência é que a disparada continue em agosto.
A pesquisadora da equipe de leite do Cepea, Natália Grigol, conta que julho foi o sétimo mês seguido de alta. Ela relembra que em 2015, os patamares para o produtor ficaram bem abaixo de anos anteriores. Ela explica que os valores pagos pela indústria eram baixos mesmo na entressafra (período sem chuvas no Sudeste e Centro Oeste) e a situação piorou ainda mais com a elevação drástica dos custos de produção, principalmente dos farelos de soja e de milho para alimentar os animais. "Muitos pecuaristas ‘secaram as vacas’, ou seja, restringiram a alimentação delas, gerando uma queda dos estoques do leite na indústria. Com a entressafra deste ano, combinada ao desestímulo do produtor na atividade, os preços dispararam."
Ao contrário de estados fortes para a cadeia, como São Paulo e Minas Gerais, a região Sul apresentou uma melhora de produção. Houve um aumento de volume captado pela indústria de 5,9% na média do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. "Diferente de outras regiões, o Sul não está na entressafra. A temperatura é adequada, inclusive, para a produção de aveia e azevém como pastagem de inverno."
A engenheira agrônoma assessora do Conselho Paritário Produtores/Indústrias
de Leite do Estado do Paraná (Conseleite), Maria Silvia Digiovani, salienta, entretanto, que a situação não é tão boa para o produtor. Isso porque se os valores pagos são recordes, o volume é menor, o que tira a capacidade de recuperação de quem atua na atividade. "É claro que houve uma melhora, mas não na mesma proporção da elevação dos preços, já que os custos de produção estão bem elevados. O lucro do produtor de leite está nos centavos, por isso batemos na tecla da gestão da propriedade. É preciso ficar muito atento para evitar qualquer tipo de desperdício", sugere Maria Silvia.