Efeito de alta da Selic deve ser imediato para consumidor
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sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Andréa Bertoldi<BR>Reportagem Local
Curitiba - A nova alta da taxa básica de juros - a Selic - que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) promoveu na última quarta-feira foi considerada como uma medida necessária para conter a inflação, mas não deveria ser o único instrumento do governo federal para conter a elevação de preços de vários segmentos no País. A opinião é compartilhada pelos especialistas ouvidos pela reportagem da Folha. Para o consumidor, o reflexo deve ser imediato.
O governo descarrega o controle de preços sobre a política monetária porque não utiliza outros recursos como o controle dos gastos públicos, disse o diretor de pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki. Por este motivo, os juros sobem. Ele disse que o Banco Central não tinha alternativa neste momento e acredita que cortar os gastos públicos do governo vai ficar mais difícil com a proximidade das eleições de 2014.
Ele ressaltou ainda que há um descompasso entre a oferta e a demanda, aí gera a inflação. Consome-se mais do que se produz no País, disse. Suzuki lembrou que o cenário futuro para os juros não é muito otimista. Um levantamento realizado pelo Banco Central mostrou que a Selic pode chegar a até 12% no final de 2014. A Selic iniciou o ano em 7,25% e foi em um processo de escalada até atingir 10% neste mês.
Para o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fabiano Camargo da Silva, a nova alta dos juros vai limitar o crescimento econômico do País. Ele lembrou que no segundo semestre deste ano já iniciou um cenário de redução da taxa de inflação em comparação ao primeiro semestre. O governo fez um grande esforço para aumentar os juros, mas os reflexos disso podem chegar em um momento que a inflação estará menor, afirmou.
O economista e professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Faculdade Estácio, Daniel Poit, também defendeu que a inflação deveria ser freada com um controle maior das contas do governo e estímulos ao investimento industrial. Segundo ele, a indústria brasileira usa muito a importação de matérias-primas. Como o dólar subiu, este custo na indústria também foi responsável por alimentar a inflação.
Os especialistas acreditam que os efeitos do aumento dos juros serão praticamente imediatos para o consumidor final, mas não preveem que isso interfira muito nas vendas de Natal. Devemos ter um Natal bastante razoável porque o emprego está em alta, disse Suzuki.
Silva acredita que o aumento da Selic vai refletir em crédito com taxa de juros mais elevada. Isso reduz o crescimento do País e não atinge as causas da inflação, disse. Ele recomenda que o consumidor pesquise, avalie bem o consumo e faça um planejamento para comprar à vista e não a prazo.
Poit destacou que quando acontece uma redução na taxa Selic, o reflexo não é tão imediato para o consumidor. Ele acredita que o aumento dos juros não vai trazer um impacto tão direto para o Natal porque as festas de fim de ano já estão muito próximas e o consumidor já fez o planejamento de compras.
As principais dicas dele para o consumidor são estar vigilante com as taxas, procurar as condições mais favoráveis e ser o menos emocional possível na hora de decidir por uma compra. Além disso, ele recomenda que as pessoas evitem cair no rotativo do cartão de crédito e no limite do cheque especial.