Rio de Janeiro O aumento de três pontos porcentuais na taxa Selic foi recebida com otimismo por economistas. O ex-diretor do Banco Central e economista do Ibmec Carlos Thadeu de Freitas chegou a classificar a medida como ''o melhor presente de transição que o atual governo poderia dar para o próximo'', comentando que o aumento vai abortar as expectativas inflacionárias. Ele avalia que a alta dos juros possibilitará que o dólar recue e a inflação inicie o ano sob controle. ''A dosagem está boa para as atuais circunstâncias'', disse Freitas.
Para o economista, apesar da possível queda na inflação e no dólar em consequência da alta da Selic, o retorno da trajetória de redução dos juros só ocorrerá a partir do segundo trimestre do ano que vem, quando houver maior clareza em relação ao que será economicamente do País em 2003.
O professor da PUC-RJ Luiz Roberto Cunha, membro do Conselho Consultivo de Preços do IBGE, afirmou que o aumento dos juros de 22% para 25% ao ano ''foi uma alta para dar tranquilidade'' ao futuro presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
''Foi uma ajuda importante a Meirelles'', reiterou. Apesar de admitir que o aumento é ''um choque de juros'', o economista observou que esta decisão foi tomada para que o futuro governo consiga lidar melhor com a inflação.
Salomão Quadros, que coordena o cálculo dos índices de inflação feitos pela Fundação Getúlio Vargas, também aprovou a decisão do Copom. ''Havia a necessidade de fazer agora um aumento maior do que os outros''. Ele explicou que, até o momento, o que o BC fazia era seguir as expectativas de mercado. ''Agora, o BC sinalizou que tem capacidade de influenciar o mercado, em vez de se ajustar a ele'' disse.
Elson Telles, economista-chefe do banco Boreal, afirmou que o aumento da taxa Selic já era esperado e reflete preocupação com a austeridade. ''Estimávamos uma alta de dois a três pontos porcentuais'', disse. Porém, ele considerou que o mercado esperava mais um aumento de dois do que de três pontos, como ocorreu.