Um grupo de aproximadamente mil associados da Corol Cooperativa Agroindustrial decidiu ontem pela destituição dos conselhos Administrativos e Fiscal da entidade, em Assembleia Geral Ordinária (AGO) realizada em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) e convocada por meio de abaixo-assinado. Apesar da definição de uma comissão provisória para comandar a cooperativa até que uma nova seja eleita por voto, a atual diretoria da Corol conseguiu no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) uma liminar que suspende os efeitos da reunião de ontem.
A decisão não anula a AGO, mas impede que a comissão provisória possa começar a negociar em nome da Corol. O advogado que defende o grupo, Anacleto Giraldeli Filho, afirma que o TJ-PR pede apenas a inclusão ao processo do abaixo-assinado com mais de 1,5 mil nomes, que dão sustentação à organização de uma assembleia independente, o que deve ser feito hoje. "Não há que se impedir a realização da assembleia, mas tão somente suspender, por ora, os efeitos do que nela forem deliberados, até ulterior decisão do Judiciário", diz o desembargador Luiz Sérgio Vieira, no despacho.
A Corol vive em crise financeira desde 2009 e tem dívidas de mais de R$ 300 milhões, segundo balanço de 2011. Entretanto, o grupo que pede a destituição da atual diretoria acredita que o passivo chegue a R$ 600 milhões porque não estariam incluídos financiamentos ou ações trabalhistas, por exemplo. O estopim da disputa interna foi quando parte dos 600 cooperados, que assinaram 903 Notas de Crédito Rural (NCRs) como garantia de crédito para a Corol, começaram a ter os nomes protestados porque a cooperativa não quitou os débitos (leia mais no box). A assembleia foi feita à revelia dos diretores porque o balanço sobre 2012, que deveria ser feito no primeiro trimestre, ainda não ocorreu.
Na reunião de ontem, a maioria, com apenas um voto contrário, aprovou a destituição da atual diretoria da cooperativa e a designação dos substitutos João Menolli, Tercílio Aparecido Chiquetti, Euclênio Vendrametto Júnior, Antonio José Quaglio, Daniel Rosenthal e José Mendonça. A votação foi rápida, já que o atual presidente da Corol, Eliseu de Paula, não compareceu à assembleia de ontem, assim como outros membros do conselho. Por isso, não foi possível debater o balanço de 2012 e o rateio de perdas ou receitas.
De Paula não esteve presente por não reconhecer a validade da assembleia. Após a publicação da decisão do TJ-PR e a votação pela saída dele do cargo, ele lembrou que uma reunião geral está marcada para 13 de junho. Porém, depois de mais de três décadas na diretoria, ele disse ontem que não concorrerá na próxima eleição. "Não vou. Já fiquei 30 e poucos anos na cooperativa por idealismo, mas com essa campanha suja não dá."
Presidente da comissão provisória eleita ontem, João Menolli diz que a destituição da diretoria é necessária porque a situação se complica a cada dia. "Chega uma hora em que alguém tem de tomar uma atitude e essa atitude foi em prol dos associados", afirma. Ele conta que há suspeita de que certas dívidas foram tratadas como negociadas, quando nem chegaram a ser discutidas. "O pessoal não sabe qual é o ativo e o passivo da cooperativa e precisamos contratar uma auditoria externa", pede. Caso contrário, a Corol não consegue, por exemplo, crédito junto a bancos.