Os embarques em Paranaguá somaram 9,5 milhões de toneladas de soja entre janeiro e setembro
Os embarques em Paranaguá somaram 9,5 milhões de toneladas de soja entre janeiro e setembro | Foto: Sérgio Ranalli/02-08-2017



A produção abundante aliada a agropecuaristas capitalizados e a preços nem sempre atrativos explicam por que as exportações do agronegócio cresceram 23,7% em setembro deste ano no País, na comparação com o mesmo período de 2016. Os embarques de produtos do campo ao exterior somaram US$ 8,56 bilhões no mês passado ante US$ 6,92 bilhões de 12 meses antes, de acordo com dados divulgados na segunda-feira, 16, pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Agricultura).
A safra recorde é o primeiro tripé desse crescimento. Tanto que os produtos com melhores resultados são complexo soja, carnes, sucroalcooleiros, florestais e cereais, farinhas e preparações, que totalizaram US$ 6,76 bilhões em vendas externas, ou 79% do total das exportações do agronegócio em setembro de 2017. Aliás, o setor foi responsável por 45,8% de tudo que saiu do Brasil para o mundo no mês em questão.
Outros dois fatores aparecem juntos. Como os agricultores estão com dinheiro em caixa depois de bons anos em produção e tiveram uma safra recorde que deixou os preços menores do que gostariam, eles se permitiram segurar as vendas e melhor diluí-las ao longo do ano. No entanto, a falta de espaço para abrigar as novas colheitas de grãos, por exemplo, fizeram com que muitas cooperativas incentivassem os associados a vender produtos para abrir espaço em silos.
O economista Marcelo Garrido, do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), afirma que o principal motivo é a safra recorde. Porém, lembra que o comprometimento em vendas está menos acelerado do que em outros ciclos no Paraná. "No fim de setembro tínhamos 8% da soja da safra 2017/18 comprometida, mas no mesmo período do ciclo passado estava em 12%", diz. "Se pegarmos o que foi comercializado até setembro, e que não é somente o que foi exportado, estamos com 74% do que foi colhido já vendido. No mesmo mês da safra 2015/16 estava em 86%."
A estabilização do dólar em um patamar menos atrativo aos compradores do que em outros anos também impactou no pé no freio sobre a comercialização. "Toda a comercialização no País se arrastou bastante durante este ano e o ciclo 2016/17 fechou com 238 milhões de toneladas de grãos, bem acima da anterior, de 186 milhões de t", conta o assistente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), Gilson Martins.
Martins considera que a demora nas vendas gerou estresse no armazenamento e uma movimentação por mais infraestrutura entre as cooperativas. Mesmo assim, lembra que o aumento no acumulado na exportação somente entre as associações do setor no País foi de 19,4% de janeiro a setembro deste ano ante o mesmo período no ano passado. Já são US$ 4,8 bilhões somente pelo sistema associativista.
No Paraná, a alta é de 20,2%, de US$ 1,63 bilhão para US$ 1,96 bilhão. O Estado participa com 40,9% de todo o resultado financeiro com vendas ao exterior. "O preço médio dos produtos também cresceu entre os dois anos, de US$ 520 para US$ 530", diz o economista da Ocepar.

MAIS NÚMEROS
Com US$ 1,14 bilhão em importações, a balança comercial do agronegócio registrou saldo positivo de US$ 7,41 bilhões somente em setembro, conforme o Mapa. A Ásia se manteve como principal região de destino das exportações do agro brasileiro, com US$ 3,83 bilhões, aumento de 40,6% em exportações para a região no mês e uma participação de 44,8% do total.
O crescimento nas vendas externas foi puxado pelo complexo soja (US$ 938,74 milhões); cereais, farinhas e preparações (US$ 436,17 milhões); produtos florestais (US$ 158,72 milhões); fibras e produtos têxteis (US$ 55,50 milhões) e carnes (US$ 42,50 milhões).

Imagem ilustrativa da imagem Cautela para exportar



Embarque de soja em Paranaguá é recorde
O Porto de Paranaguá registra o recorde histórico de exportação de soja ainda que faltem três meses para o fim do ano. Os embarques no local somaram 9,5 milhões de toneladas do grão entre janeiro e setembro, mais do que em qualquer ano inteiro e 12% superior ao antigo recorde anual, de 8,5 milhões de toneladas em 2015. Em relação a 2016, a alta é de 27% sobre as 7,5 milhões de toneladas de soja movimentadas.
De acordo com a administração portuária, o número foi alcançado pelo aumento da capacidade de escoamento do Porto de Paranaguá aliado ao interesse chinês pela produção brasileira. "Apesar da produção recorde, a soja manteve uma boa cotação internacional, o que favorece o produtor brasileiro. Fizemos a nossa parte ao longo dos últimos anos e capacitamos o porto para que hoje o produto possa ser escoado no momento mais interessante para o produtor agrícola do Paraná e do restante do Brasil" afirma o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho.
De acordo com um levantamento da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), o Brasil foi o país que mais aumentou sua produção de soja entre os exportadores, com 18,2 milhões de toneladas a mais em comparação à safra passada. Em seguida estão os Estado Unidos, com 10,4 milhões de toneladas a mais em relação à safra anterior. (Reportagem Local)