Brasília - Para evitar surpresas durante visita do presidente da China, Hu Jintao, ao Brasil nesta semana, o Ministério da Agricultura reviu nos últimos dias os processos de inspeção nas cargas de soja exportadas para o mercado chinês. O ''pente-fino'' mostrou que os critérios exigidos por Pequim estão sendo cumpridos e que não há problemas nas cargas embarcadas pelo Brasil. ''O clima das relações comerciais entre Brasil e China é bom. E queremos que continue assim'', contou um exportador.
Se agora o clima é de tranquilidade, o cenário foi bem diferente na primeira visita que Hu Jintao fez ao Brasil, em 2004. Na época, um impasse comercial impedia a venda de soja do Brasil para a China, principal destino do grão brasileiro. Alegando a presença de fungicidas nas cargas, a China suspendeu temporariamente as importações de soja em grão do Brasil, decisão que derrubou o preço da oleaginosa. Em média, os preços pagos ao produtor caíram de R$ 50 para R$ 32 por saca de 60 quilos.
O comércio entre os dois países foi retomado depois que o País se comprometeu a adotar critérios mais rígidos de controle. O diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), Sérgio Mendes, lembra que o impasse agora é entre China e Argentina. A partir de 1º de abril, a China estabeleceu critérios mais rígidos para importação de óleo de soja da Argentina. A alegação é que o óleo importado da Argentina tinha traços de solventes em nível mais alto que o aceitável, argumento refutado por Buenos Aires. Em 2009, o Brasil vendeu cerca de 530 mil toneladas de óleo de soja para a China, o que representa 23% do total.