Imagem ilustrativa da imagem Brasil e Argentina negociam exportação conjunta de soja
| Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini
Discussão com os argentinos abre uma possibilidade de avançar numa demanda brasileira com a China que é antiga



Esteio - Brasil e Argentina estão negociando uma estratégia conjunta para conseguir exportar soja com maior valor agregado à China. O objetivo é obter condições que permitam aos dois países aumentar o embarque de farelo, óleo e outros derivados da oleaginosa. "O Brasil, a Argentina e os Estados Unidos têm 90% deste mercado e, na verdade, a China determina algumas regras que para nós não são interessantes. Vamos afinar alguns pontos e depois tentar convencer os chineses de que temos razão", disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
As conversas entre Brasil e Argentina já começaram. Maggi tratou do tema com o ministro da Agroindústria da Argentina, Ricardo Buryaile, quando esteve no País vizinho, no início de agosto. Anteontem, eles voltaram a se reunir na Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer), em Esteio (RS).
A discussão com os argentinos abre uma possibilidade de avançar numa demanda brasileira com a China que é antiga. Segundo Buryaile, tanto Brasil quanto Argentina têm a necessidade de agregar valor à soja antes de exportá-la, para fomentar as indústrias locais e, também, diversificar a pauta de exportações.
"Estamos vendendo a eles (chineses) muito grão de soja e pouco valor agregado", afirmou o ministro argentino. "A ideia é que vejam que dois produtores tão importantes como Argentina e Brasil têm uma mesma visão. É sair deste esquema de produção que temos de grãos e passar a outra etapa."
Maggi ressaltou que, no caso do Brasil, a diversificação da pauta de exportação para o país asiático pode ajudar a evitar a falta do grão da oleaginosa no mercado interno. "Vamos ter problema neste final de ano com a grande saída de grãos, talvez algumas indústrias tenham que parar de processar por falta de produto. Então, uma das políticas que podemos utilizar é esta de participação (no mercado chinês) não só de grãos, mas também de farelo e óleo", avaliou.
Buryaile disse que ele e Maggi devem voltar a se encontrar dentro de três meses para tocar uma agenda de temas em comum, entre eles, a soja.

MERCOSUL
Blairo Maggi aproveitou o encontro com o ministro argentino para solicitar a inclusão do açúcar na pauta de comercialização do Mercosul. O desejo brasileiro de integrar o produto ao Mercosul sempre esbarrou na resistência argentina. E, sem que isso aconteça, o Brasil não consegue avançar nas negociações para vender açúcar à União Europeia.
"Eu solicitei ao ministro argentino que o açúcar seja colocado para dentro do bloco", disse Maggi. "Houve, por parte do ministro e dos seus técnicos que estavam presentes, a ideia de uma recepção favorável."
Maggi explicou que, para tentar convencer os argentinos, está deixando claro que o Brasil não busca tomar o mercado vizinho, mas sim obter o reconhecimento do açúcar como um produto pertencente ao bloco sul-americano. A expectativa do governo brasileiro é de que as conversas continuem. Este foi o terceiro encontro de Maggi com o colega argentino desde que assumiu o ministério, no governo do presidente em exercício, Michel Temer.

ACORDOS
Ainda durante a Expointer, Maggi informou que espera trazer pelo menos um acordo comercial de cada país que visitará na missão do Brasil à Ásia, a ser chefiada por ele. De hoje até 25 de setembro, um grupo de autoridades brasileiras e representantes do setor produtivo passará por China, Tailândia, Coreia do Sul, Vietnã, Myanmar, Malásia e Índia.
"A ideia é sempre provocar os mercados, estimulá-los, mostrar que temos muitos produtos para vender. Eu, como agricultor que sou, entendo que se você não plantar não colhe."
Embora haja uma expectativa grande com relação à possibilidade de abertura de novos mercados para a carne bovina brasileira, Maggi ressaltou que o objetivo também é fomentar a venda de grãos e lácteos. "Queremos inclusive estimular talvez algumas coisas que ainda somos incipientes, como por exemplo a maçã, que aqui no Rio Grande do Sul é muito importante. A ideia é consolidar aquilo no que somos bons, somos fortes, e abrir novos mercados", falou. "Espero que de cada um dos países que eu vá eu consiga trazer um acordo."