Entrada recente no mercado externo permitiu à indústria do diretor Sandro Cunha melhorar a produtividade e o planejamento comercial
Entrada recente no mercado externo permitiu à indústria do diretor Sandro Cunha melhorar a produtividade e o planejamento comercial | Foto: Gustavo Carneiro



Londrina tem potencial para exportar mais bens industrializados e de maior valor. Essa é a opinião de Adriana Rodrigues, coordenadora de Competitividade da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). O órgão vai realizar hoje, na sede do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), um seminário voltado a empresas de Londrina e Região com o tema "Introdução à Exportação". O evento faz parte de uma série de oficinas voltadas a empresas que têm o objetivo de atuar no mercado internacional.
De janeiro a agosto deste ano, Londrina exportou o total de US$ 457,6 milhões, sendo que os produtos básicos são predominantes na pauta exportadora do município. Estes representam 62% do que a cidade exporta, contra apenas 38% de bens industrializados – manufaturados e semimanufaturados. "Há como ampliar isso", diz Adriana. Para a coordenadora, o Paraná está em uma posição geográfica privilegiada para negociar com outros países da América do Sul, mas tem produtos que podem ser exportados para mercados desenvolvidos. "Há empresas de máquinas, equipamentos, alimentos, biotecnologia, Tecnologia da Informação. O momento é oportuno. Há grande apoio para as empresas brasileiras, o Brasil tem feito esforços e tem bons produtos."

Imagem ilustrativa da imagem Bens industrializados na mira das exportações



O mercado europeu é o foco da Alumiflex, empresa de acessórios em alumínio para móveis de Londrina. Com o mercado interno em recessão, a exportação foi uma solução encontrada pelo proprietário, Leandro Moreira, para se recuperar da perda de 30% do faturamento de 2014 a 2016. "O mercado externo tem a necessidade de produtos de valor agregado, diferente do que a China tem oferecido. Trabalhamos com um produto bem feito e com custo adequado." Moreira conta que já chegou a ter contato com empresas italianas, portuguesas e espanholas, mas os negócios acabaram não se concretizando.
Agora, a empresa aposta na reestruturação de embalagens, comunicação visual, processo de produção e até de detalhes técnicos com o objetivo de se adequar ao mercado externo. Isso incluiu desde a mudança das medidas em polegadas para milímetros até a adequação do produto para que ele pudesse ser transportado desmontado a fim de diminuir o seu volume. "Somos uma marca muito voltada ao mercado brasileiro. Queremos torná-la mais palatável para o mercado externo." Mas, como de acordo com o empresário o preço do frete no Brasil é muito alto, ele conta que pretende abrir uma filial na Itália – um dos maiores centros de lançamento de tendências voltadas ao seu setor – para otimizar o custo do envio para os países europeus. "Assim, consigo consolidar a carga e otimizar meu frete."

Imagem positiva
Para Sandro Cunha, diretor da Estampar Profasa, empresa de 42 anos que começou a exportar recentemente, foi necessário o "choque" da crise para o País descobrir o potencial que tem diante de concorrentes internacionais. "O Brasil é tão rico de empresas dos mais diferentes setores, e às vezes achamos que não somos capazes. Somos muito poderosos. A imagem do Brasil lá fora é muito positiva." A Estampar fabrica facas industriais e ferramentas para prensas dobradeiras.
Já exporta para países como Equador e Uruguai e está com negócios em andamento com Peru e Colômbia. O período de preparação para as transações durou cerca de dois anos e meio e incluiu a criação de um departamento voltado só a essas operações. "O processo ainda é muito burocrático. Foi um ano só para o entendimento, muita documentação, embalagem, transporte e a parte tributária não é fácil."
"Estamos começando a criar um cadastro de clientes para ter as exportações como algo mais constante. Mas sempre foi um objetivo nosso, uma segunda alternativa ao mercado nacional que está em período e recessão." Nos primeiros seis meses, diz Cunha, a empresa exportou em média R$ 60 mil ao mês. Começar a atuar no mercado internacional, segundo ele, representou um novo desafio e melhorou a produtividade e o planejamento comercial da empresa. Além disso, fez com que a companhia conquistasse um produto de "qualidade internacional", que compete até mesmo com o de países desenvolvidos.