Nem Jesus Cristo
O clássico contra o Palmeiras foi o primeiro jogo deste ano em que o Corinthians quis, mas não pôde escalar nenhum titular campeão brasileiro de 2015, à exceção do goleiro. Os únicos remanescentes eram Fágner e Uendel, machucados. Tite escalou dez reservas nas vitórias contra a Ponte Preta e o Linense, no Paulistão. Opção dele.
Cristóvão não tinha escolha. O Corinthians tinha. Poderia manter o técnico até o final do ano e aumentar a ira da torcida contra a diretoria. Seria leal com Cristóvão e manteria a chance de classificação para a Libertadores. O único ônus seria político.
É impossível atribuir a Cristóvão o sucesso como técnico que ele ainda não teve.
A história contará que fracassou no Corinthians. Mas é incrível determinar o fiasco depois de 18 partidas apenas, num clube que perdeu 14 jogadores e sete integrantes da comissão técnica em nove meses.
Num período igual ao de uma gestação, o Corinthians abortou o projeto de ser bicampeão brasileiro.
Roberto de Andrade avisou que Fábio Carille ficará até o final do ano. Com Roger Machado no mercado, é quase a confirmação das informações que brotam no Parque São Jorge, de que o nome pretendido para janeiro é o de Eduardo Baptista. Silvinho, consultado depois da despedida de Tite, em junho, não será o eleito. Isto está resolvido.
Se o Corinthians conseguirá esperar até janeiro ou se precisará escolher outro nome em função do agravamento da crise, só ficará claro depois dos próximos resultados.
O Corinthians recebe o Fluminense, visita o Botafogo e recebe o Atlético nas próximas três semanas.
Também pode haver o impacto de uma eventual eliminação da Copa do Brasil. Se a crise se agravar, pode ser necessário escolher de forma mais urgente e isso pode tirar a chance de contratar o treinador preferido.
A escolha será de Roberto de Andrade, porque Andres Sanchez está afastado das decisões. Incrível como, nas crises, o ex-presidente está sempre distante. E como não é difícil dizer se nasceu primeiro o ovo ou a galinha. A crise acontece porque Andres está fora ou Andres se afasta quando a crise se aproxima?
O Corinthians em paz política não viveu turbulências entre 2008 e 2016. Em guerra nos bastidores, sofreu durante o mandato de Mario Gobbi em 2013 e 2014.
Também não é coincidência ter acontecido em 2007 a última temporada completa só com derrotas para o Palmeiras, como se repete agora.
Em 2008, houve um dérbi apenas e uma derrota, diferente de cair três vezes seguidas para o rival histórico, feridas de 2007 e 2016.
Incrivelmente, o Palmeiras marcou a despedida de dois treinadores corintianos. Tite saiu porque quis logo depois de perder o clássico do primeiro turno. Cristóvão caiu no sábado também depois de enfrentar o Palmeiras. Técnicos fracassam e Cristóvão é um exemplo. Mas, com tantos fatores alheios, seria supervalorizar o cargo atribuir só a ele o que se passou nos últimos três meses. É mais um exemplo de que ultrapassados não estão os treinadores brasileiros. Estamos nós e nossa anti-cultura do futebol.
Se você quiser um trabalho brilhante em 85 dias e desmanchando seu time todo, não contrate Guardiola. Apele a Jesus Cristo.

O líder
O Palmeiras jogou melhor no primeiro turno do que neste momento do campeonato. Mas há momentos para jogar bem e outros para vencer. O que o time de Cuca fez nos últimos cinco jogos foi esplêndido. Contra o Corinthians, marcou mais do que jogou. Importante era vencer.

O destino
O São Paulo esperou o Atlético-PR até um cruzamento apanhar Pablo atrás do goleiro Dênis. São quatro derrotas com Ricardo Gomes em oito partidas. Outro caso de cobrança sobre um técnico que tenta começar a remontar uma equipe. O São Paulo vai ficar no meio da tabela.

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