Para quem esperava que a nova dor de cabeça do presidente Michel Temer chegasse perto do fim de semana, percebeu que o problema veio antes. Sabe-se que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prepara as últimas denúncias que serão apresentadas antes dele deixar o cargo no próximo dia 17. Mas nessa terça-feira (12), o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a abertura de um inquérito para investigar o chefe da nação e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), por suposto esquema que teria beneficiado a empresa Rodrimar, que atua no porto de Santos. Para a PGR (Procuradoria-Geral da República), que pediu a abertura do inquérito, há indícios de que os dois tenham cometido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na edição de um decreto (de maio deste ano) sobre portos em favor da Rodrimar. Barroso entendeu que há elementos indiciários mínimos que devem ser apurados. Como foi assinado há quatro meses, os crimes supostamente cometidos por Temer aconteceram já no mandato do peemedebista como presidente. Mas a condução das investigações para coleta de provas ficará a cargo da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge. É no fim dessa etapa que a PGR decide se oferece denúncia ou se pede o arquivamento. Temer vê seu nome relacionado às investigações do caso Rodrimar desde que era vice de Dilma Rousseff. É uma investigação antiga que volta agora para aumentar a temperatura de uma semana bastante quente na política brasileira, com a prisão do empresário Joesley Batista, a nova denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva (Operação Zelotes) e o segundo depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro, nesta quarta-feira (13). Como aconteceu em maio, quando foi realizada a primeira audiência, a vinda de Lula a Curitiba acontece sob um forte esquema de segurança e manifestações pró e contra o ex-presidente. Ao analisar esses últimos acontecimentos, cabe observar a justificativa do ministro Barroso para autorizar a abertura do inquérito contra Temer: "Este é o preço imposto pelo princípio republicano, um dos fundamentos da Constituição brasileira, ao estabelecer a igualdade de todos perante a lei e a exigir transparência na atuação dos agentes públicos".