A extrema pobreza voltou a crescer no Brasil. Após uma fase de progresso econômico e social entre os anos de 2003 e 2014, desde o ano passado, os brasileiros percebem um movimento inverso. Nos 10 anos de avanço econômico, calcula-se que mais de 29 milhões de pessoas saíram da pobreza e a desigualdade diminuiu de maneira expressiva. Naquele período, o nível de renda dos 40% mais pobres aumentou, em média, 7% em comparação ao crescimento de renda de 4,4% observado na população em geral. Mas a crise econômica está mudando esse cenário. Um recente estudo do Banco Mundial aponta que 3,6 milhões de pessoas podem entrar na linha de pobreza no Brasil em 2017, somando-se aos atuais 20,9 milhões de pobres, cuja renda familiar não chega a R$ 150 mensais per capita. Em Londrina, segundo a prefeitura, 19 mil pessoas estão nessa situação. É bastante preocupante observar que as conquistas da população mais humilde estão ameaçadas. Em reportagem publicada hoje, a Folha de Londrina mostra as dificuldades de famílias londrinenses que viram o seu poder de compra cair assustadoramente em 2016. A reportagem visitou o Assentamento Nossa Senhora Aparecida, área de invasão na zona norte do município. Os moradores contam que nos últimos dois anos o número de casas improvisadas cresceu de 600 para 800 unidades. Muitos dos novos vizinhos são pessoas que perderam o emprego e não conseguiram mais pagar o aluguel. O Banco Mundial considera abaixo da linha da pobreza as pessoas que vivem com menos de R$ 140 por mês. Os cálculos são feitos com base em dados oficiais como inflação, desemprego e Produto Interno Bruto (PIB). A maior parte dos "novos pobres", como diz a instituição, vive nas áreas urbanas. Aquela "nova classe média", que tanto se falava há alguns anos, acabou vítima de uma série de erros na política econômica do País. O Banco Mundial recomenda a ampliação do Bolsa Família para amenizar o impacto da extrema pobreza, problema comum a todos os Estados. A solução é um grande desafio. Por um lado, o poder público não pode mais esperar para realizar as ações e reformas políticas e econômicas necessárias para o País voltar a crescer. Por outro lado, a sociedade deve entender que todo o cidadão precisa fazer parte de ações transformadoras, que ajudem a promover a educação, a saúde e a redução da desigualdade social.