O quadro de corrupção sistêmica é mesmo assustador no Brasil. Pesquisa realizada por uma consultoria especializada em lavagem de dinheiro identificou 12,6 mil agentes públicos ligados a atos que podem dar origem à lavagem de dinheiro, como corrupção e caixa dois. O número cresce para 29 mil indivíduos se consideradas pessoas relacionadas, como parentes e sócios, que podem ser utilizados como "laranjas". Entre os Estados brasileiros, o Paraná é quinto no ranking da corrupção, com 597 ocupantes de cargos públicos ou políticos citados em esquemas ilícitos. Nos primeiros lugares estão São Paulo, Distrito Federal, Bahia e Minas Gerais. Quando chega aos municípios, a pesquisa mostra um quadro muito preocupante. Quarenta e cinco por cento dos municípios paranaenses tiveram seus prefeitos envolvidos em crimes econômicos nos últimos oito anos. São 182 prefeitos dos 399 municípios. Também aparecem na lista de corruptos do Estado 227 vereadores, 44 vice-prefeitos, 41 deputados federais e 30 deputados estaduais. Os pontos principais da pesquisa são mostrados na edição desta segunda-feira (29) da Folha de Londrina. Os nomes não foram divulgados por questão de sigilo. A empresa que realizou o estudo levou em conta banco de dados que reúne publicações em diários oficiais, informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sites de instituições públicas e matérias divulgadas pela imprensa a partir de 2009. A pesquisa não identificou quantos desses casos estão sendo investigados, processados ou já receberam punição. No Brasil, os maiores envolvidos em crimes são os prefeitos. De 11,1 mil governantes municipais eleitos em 2016, 1,8 mil têm relação com atos financeiros ilícitos, o que representa 16 em cada 100 prefeitos. No caso dos vereadores citados, o envolvimento corresponde a 3,6% dos eleitos no ano passado. A força-tarefa da Lava Jato estima que a corrupção consome por ano, no Brasil, R$ 200 bilhões. E por falar na Lava Jato, a consultoria identificou pelo menos 11 mil pessoas e empresas ligadas aos esquemas denunciados pela operação. Destes, 916 são de cargos públicos e 522 de políticos eleitos. É evidente que o País fiscaliza mal o dinheiro público e demonstra muita dificuldade em enfrentar o problema. Mas o combate à corrupção terá mais sucesso quando for bandeira das autoridades policiais, do Judiciário, do Ministério Público e da sociedade em geral.