A turbulência em dose máxima, gerada pela delação premiada dos representantes da JBS, divulgada nas últimas semanas, foi um mar de água fria no setor produtivo que já vem sofrendo com a crise há alguns anos. Mas em meio à instabilidade política e econômica, é possível ver luz no meio do caminho. Reportagem desta edição da Folha de Londrina mostra que grupos no Paraná com faturamento entre R$ 200 milhões e R$ 1 bilhão ao ano - aqueles que figuram no topo da lista de movimentação econômica - mantêm expectativa de crescimento entre 12% e 25%, apesar da cautela quanto à flutuação do dólar e à incerteza em relação às taxas de juros no segundo semestre.

Os números vão na contramão do cenário nacional, levando em conta as sondagens industriais recentes divulgadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice da produção industrial em abril ficou em 41,6, abaixo do mesmo período do ano passado (42,4). E valores menores que 50 indicam retração na produção.

No caso das empresas que estão no topo da lista de faturamento no Paraná, o que se percebe é um planejamento mais consolidado, baseado nas experiências que viveram nos dois últimos anos.

No geral, uma das explicações para os melhores índices paranaenses é que o Estado tem como base a agroindústria. E o agronegócio foi um dos setores que sentiu a crise em menor proporção até aqui.

Mas nem tudo são flores. Na análise da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) o momento não é de "otimismo pleno". Há setores sofrendo como o metal mecânico, com postos de trabalho sendo fechados, e a construção civil, que ainda não teve uma retomada efetiva. No geral, segundo a Fiep, não há "grandes expectativas" para o segundo semestre.

Agora, a expectativa é que a política tenha um desfecho rápido e que reformas importantes, como a trabalhista e a previdenciária, tenham condições de se concretizar.