Com a crise econômica brasileira, o Japão voltou a atrair brasileiros que buscam do outro lado do mundo uma oportunidade de ganhar dinheiro. Segundo a Associação Brasileira de Dekasseguis (Abdnet), de 15 mil a 20 mil descendentes de japoneses deixaram o Brasil no segundo semestre do ano passado para tentar a vida na terra do sol nascente. Esse novo fluxo migratório é mais uma constatação de que o Japão vem conseguindo vencer as dificuldades financeiras que se instalaram naquele país após a crise internacional de 2008 e o terremoto seguido de tsunami em 2011. Naquela época, as oportunidades de emprego para dekasseguis diminuíram drasticamente e muitos retornaram ao país de origem. Estima-se que em 2008, no auge do movimento migratório iniciado na década de 1980, 320 mil brasileiros viviam em terras japonesas. O perfil dos trabalhadores é variado. Eles são atraídos por oportunidades nas indústrias automotivas e eletrônicas, empresas na área de alimentação e hotéis. As obras para os Jogos Olímpicos de 2020, que acontecerá em Tóquio, também despertam interesse dos estrangeiros. Fontes ligadas a associações que representam os dekasseguis acreditam que muitos que estão retornando agora para o Japão já moraram antes naquele país e decidiram voltar. Em reportagem, neste fim de semana, a Folha de Londrina conversa com brasileiros que optaram pela mudança. A maioria dos trabalhadores que segue para o Japão sonha em guardar dinheiro para voltar ao Brasil e realizar um sonho, como a compra de uma casa ou juntar dinheiro para cursar uma universidade. Muitos dos trabalhadores não percebem que o surgimento dessas novas oportunidades de emprego não implica em facilidades. As leis trabalhistas são diferentes, com jornadas de trabalho longas, rotina estressante, ritmo acelerado e relatos de preconceito dos japoneses contra os dekasseguis. Vencer as dificuldades de adaptação é a maior preocupação até mesmo dos empregadores, tanto que eles estão incentivando a mudança de famílias inteiras e não mais apenas o pai ou a mãe, como era comum nos anos 1980 e 1990. Integrar-se à cultura é, talvez, o maior desafio.