As atenções se voltaram ontem para Brasília. No quarto dia da maratona do julgamento do impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff foi ao Senado para se defender. Dilma fez um discurso previsível e respondeu aos questionamentos dos senadores durante todo o dia e parte da noite. Há quem diga que o discurso da presidente afastada vai entrar para a história e alguns criticaram o pronunciamento dizendo que ele não trouxe nada de novo. Há poucas chances de Dilma reverter o cenário pró-impeachment. O episódio final do processo começa hoje, com a votação que decidirá se a petista voltará ao cargo de presidente da República ou se será afastada definitivamente. O julgamento no Senado acontece oito meses depois do início da tramitação do processo na Câmara Federal. A previsão é que até a madrugada de amanhã o Brasil conheça o desfecho de mais esse capítulo na política nacional. Há pouco mais de 20 anos, o ex-presidente Fernando Collor (hoje senador) renunciou quando também sofria um processo de impeachment. Em seu pronunciamento, ontem, Dilma manteve o mesmo discurso desde a época em que foi afastada, no dia 12 de maio. Ela lembrou o sofrimento no período militar, reafirmou que o processo de impeachment é um "golpe de Estado", acusou o presidente em exercício Michel Temer de ser "usurpador" e disse que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha é chantagista. Como era esperado, o dia de ontem no Senado e fora dele foi muito tenso. Se em Brasília senadores aliados e contrários a Dilma se revezavam por mais de 10 horas em interrogar a petista, em São Paulo, uma manifestação pró-Dilma acabou em quebra-quebra. O momento político é delicado, mas é importante manter a calma. A menos que aconteça uma reviravolta, Dilma será afastada definitivamente do cargo nas próximas horas. É preciso maturidade para aceitar o resultado, pois o País precisa de estabilidade para colocar em prática as reformas e mudanças que garantam a retomada do crescimento.