A série de boas notícias da área econômica foi quebrada com a divulgação, na última sexta-feira, pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontando o número de desempregados no País. Segundo a publicação, o Brasil tem mais um recorde: 12,9 milhões de desempregados. A alta em relação a janeiro de 2016 foi de 34,3%. Até a semana passada, as novidades eram bastante positivas. A inflação oficial de janeiro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de apenas 0,38% - a menor para o mês de toda a série histórica. O Conselho de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros de 13% para 12,25% ao ano e a Selic ficou no mesmo patamar de dois anos atrás. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) alcançou o maior nível de dezembro de 2014, 81,8 pontos. Economistas ouvidos pela Folha de Londrina na edição desta terça (28) lembram que os índices de emprego são os últimos a serem atingidos durante as crises. Mas também são os últimos a se recuperarem quando um país sai da recessão. A projeção dos especialistas é que as empresas continuarão a demitir durante o primeiro semestre deste ano. O desemprego deve começar a diminuir apenas em agosto. A aposta é que com a queda dos juros, os empresários fiquem mais motivados a tomar crédito, investir e contratar. Há muita expectativa em torno dos próximos passos do governo federal e do Congresso antes de arriscar um palpite. Isso porque o presidente Michel Temer está apostando nas reformas da Previdência e trabalhista para incentivar os empresários a voltarem a contratar. Mas deputados e senadores tocam os projetos no ritmo característico do poder público. Entre os economistas ouvidos pela FOLHA, a opinião está dividida. Se por um lado, há quem acredita que Temer está no caminho certo, por outro lado há quem discorde da atual política macroeconômica baseada em austeridade. O desemprego é uma das piores cicatrizes da crise econômica e política que abalou o Brasil nos últimos anos. Os danos causados pelos erros da gestão econômica do primeiro mandato de Dilma Rousseff e pela imobilização política do segundo mandato, infelizmente, levarão algum tempo ainda para serem reparados.