No primeiro semestre deste ano a quantidade de doadores de órgãos efetivos aumentou 11,8% no País em comparação com o mesmo período de 2016, conforme mostra reportagem publicada nesta semana na FOLHA, com base em dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos). Os doadores efetivos passaram de 14,6 pmp (por milhão de população) para 16,2 pmp, mas a expectativa é atingir 16,5 pmp no ano.

Nesse cenário, o Paraná tem uma das maiores taxas do Brasil (34,3 pmp) e também se destaca em relação às notificações de morte encefálica - que permitem dar início ao protocolo de doação -, com taxa de 100 notificações por milhão de população no primeiro semestre. Segundo a ABTO, foram 565 notificações e 193 doadores efetivos no Estado no último semestre.

A situação é inversa, portanto, nos estados do Norte, onde as notificações de potenciais doadores são baixíssimas: no Amapá não houve nenhuma no primeiro semestre; no Tocantins teve cinco e em Roraima, sete. Conforme os especialistas, as performances e a educação dos profissionais de saúde para "enxergar" um potencial doador são pontos que diferem as regiões.

Entre os motivos que impedem a efetivação da doação estão a parada cardíaca do doador, a situação do órgão e a não autorização da família. Segundo a ABTO, 43% das famílias entrevistadas no País foram contra a doação neste primeiro semestre, após as etapas de diagnóstico do doador. O estado emocional das famílias, a desinformação sobre os transplantes e o despreparo dos profissionais na abordagem podem contribuir para o alto índice de recusa.

Como as leis no Brasil não autorizam a doação de órgãos somente com a manifestação em vida, isso só pode ser feito com o aval da família. Portanto, é a conscientização da população que vai mudar esse cenário. Campanhas educativas que tirem as dúvidas da população em relação ao sistema de transplantes são essenciais para ajudar o País a se mostrar mais solidário nesse aspecto.