A aliança mais forte
Na convenção do PSDB, que obviamente entronizou Beto Richa, um exercício de algo não apropriado à vocação mais rústica do grupo: a sutileza. Consagrou-se a unidade com o PP de Ricardo Barros, badalou-se Cida Borghetti que é a regra três do governador e houve fuga de qualquer referência a Ratinho, postulante da base aliada. Essa preferência pelo oligarca de Maringá já custou muito ao PSDB em passado recente: era o tucano Gustavo Fruet o mais credenciado à postulação senatorial e Beto Richa esnobou seu correligionário apostando todas as fichas em Ricardo Barros que teve boa votação, mas acabou ajudando a eleger Roberto Requião por uma diferença mínima. Era cristalino que, dos integrantes da base aliada, Fruet era o mais dotado, potencialmente, para levar a cadeira que precipitaria o encerramento da trajetória política de Requião. Deve a sua sobrevida a esse descuido tipicamente tucano.

Como política é feita de aparências, percebe-se que num momento em que o PSDB ameaça pular fora do governo Temer, também se ensaia por aqui uma hipótese, ainda remota, de Ratinho Junior descolar-se do governo para manter a autonomia do seu projeto, evidenciada no seu retorno ao Legislativo onde detém o domínio de duas bancadas, uma do seu ninho anterior o PSC e outra da legenda atual. A sutileza das manifestações na convenção na supressão do seu nome será respondida, provavelmente, com o silêncio que por vezes é mais forte do que um grito e até com possível referência elogiosa a tudo que o governo fez e justamente na área de desenvolvimento municipal coincidentemente aos seus cuidados, uma forma socrática de elogiar-se.

É humor demais para quem está habituado com piada grossa e se distancia de finuras centradas no non sense dos ingleses ou no incrível humor israelense.

Rebeliões
Há, é claro, o caso dantesco da Penitenciária de Cascavel, mas existem ainda as rebeliões das cadeias distritais, como tivemos agora a do 1º Distrito com fugas de 16 prisioneiros. Tivemos, mês passado, mortes em distritais e duas na Penitenciária de Piraquara. É um teste forte na reforma que integrou o Departamento Penitenciário à área de segurança. Sua vulnerabilidade está exposta nos últimos acontecimentos e mais na tragédia diária e inaceitável das cadeias superlotadas. Como o governo quebrou e ainda quando faz obras elas se destacam pelos desvios da Quadro Negro, não há perspectiva de solução a médio e curto prazos, pois das nove penitenciárias programadas apenas uma está efetivamente em construção.

O caso de Cascavel comprova que dispositivos de "inteligência" capazes de detectar sinais de motim e conspiração não funcionaram, daí porque o episódio assumiu tamanha dimensão.

Sinais
Relatório do Instituto Fiscal Independente do Senado, ontem divulgado, mostra que a recuperação da economia teria chegado à arrecadação federal expressa nas receitas vindas da cobrança de tributos como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e a contribuição sobre a folha de pagamento. Em números, a arrecadação com tributos ligados à atividade econômica saltou de R$ 777,5 bilhões para R$ 785,8 bilhões até setembro de um ano para outro. O sinal é discreto, mas entra no embalo do "avanço" do marketing oficial.

Aumento
Numa hora de austeridade em que o governo decide congelar, por força do acerto das dívidas com a União, a folha de pagamento dos funcionários, um grupo de servidores do Legislativo estadual está lutando para atualizar uma gratificação (criada em 2010) que deveria, segundo a movimentação corporativa, chegar a 80% . Tivéssemos governo verdadeiro o seu ocupante o assumiria a missão de convencer os demais poderes a abdicarem de abusos ingressando para valer num esforço comum pelo ajuste fiscal.

Violência
Um cidadão, inconformado com o assalto a uma mulher no bairro Boa Vista, na falta de recursos para reagir, lançou uma pedra sobre o carro roubado e recebeu um tiro que o acabou matando. Óbvio que não se trata da forma mais adequada de reagir até porque esse tipo de função não é deferida aos cidadãos comuns, mas ela expressa a impotência da sociedade pasma diante do governo que se dá mal na luta contra a violência.

Bonde
Com o exercício livre da imaginação por urbanistas na maratona para definir o futuro da ex-Avenida das Torres, a Comendador Franco, na capital, a primeira referência que se faz a inovações é a da volta do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que figurou durante gestões de Lerner a Taniguchi como solução prática e massiva ajustável e que não saiu das pranchas. No período de Taniguchi, quando se montou o Eixo Metropolitano (hoje Linha Verde), houve a concepção de um equipamento que operaria em plano aéreo. A mente é livre, mas a crise fiscal impede obras caras. Se o metrô dançou, o bonde também pode descarrilar.

Folclore
Uma história clássica do "último boêmio" do Rio de Janeiro, Paula Nei, foi na aula de anatomia na Faculdade de Medicina. O professor perguntou quantos ossos havia na cabeça e o estudante, com o ar mais sério do mundo, tocou com as mãos na altura da testa e respondeu com máxima convicção: "Tenho tudo aqui, mas não me lembro".