Enfim a cobrança
Era preciso que alguém fizesse a cobrança sobre a inutilidade dos cartões amarelos sobre as contas de Beto Richa fixadas pelo Tribunal de Contas: suas advertências e instruções se reptem ano a ano e acabam esquecidas como se tudo não passasse de encenação. Várias vezes vetado pela Secretaria do Tesouro Nacional por infringência à Lei de Responsabilidade Fiscal, o que impedia a elaboração de empréstimos, jamais o governo levou isso a sério e transformou tais exigências em perseguição política usada à exaustão em campanhas eleitorais e até os dias de hoje repetidas.

A maior prova de que o órgão federal tinha razão está na quebra do Estado e no tal esforço de equilíbrio fiscal que aumentou tributos, congelou salários de servidores, apropriou-se do capital do fundo de pensão e, ainda por cima, faz por método a antecipação de recursos fiscais, com descontos, entre integrantes do Paraná Competitivo. Da mesma forma que fazia ouvidos moucos à advertência da União, olha as restrições e ordenamentos decididos pelos conselheiros do TC com desprezo, mesmo quando elas decorrem de patologias severas decorrentes da ilegalidade orçamentária.
Pois agora o conselheiro Ivens Linhares faz a cobrança de que o governo não dá a mínima para as orientações do plenário que nada têm de radicais e que visam o enquadramento da gestão nos fundamentos do Código de Contabilidade Pública. A questão foi suscitada e não há motivo para qualquer forma de deserção e escapismos: um mínimo de respeito à Corte obrigaria o plenário a fazer a reflexão necessária e exigir mais respeito às suas deliberações. Caso não o faça, se mostrará submisso demais ao não respeitar igualmente as restrições às contas de suas próprias deliberações. Urge dar uma balançada no ritual da subserviência e exigir respeito às suas mediações que sempre são educadas, cordiais e bem-intencionadas.

Repouso
O pique do ministro Ricardo Barros, da Saúde, é impressionante: mal saído do hospital se lança num ritmo surpreendente de atividades em entrevistas, reuniões, eventos. E, ontem, em função provavelmente de tal sobrecarga, sofreu um pico de pressão e teve que ser internado novamente no Sírio Libanês.

Arrastão
Um arrastão numa linha metropolitana de ônibus ontem no Jardim Botânico, em Curitiba, deu margem à intervenção da Guarda Municipal com a prisão de três pessoas, envolvidas na trama, mas duas delas conseguiram fugir. A guarda está se mostrando cada vez mais habilitada nas operações seja a de pula-catracas, arrastões, assaltos e outros abusos no interior dos ônibus, estações-tubo e terminais.

Para a frente
A Lava Jato não vive um bom momento não apenas pelas exibições de suas falhas, algumas de traço irrecuperável com a da delação da JBS, mas também pelo revanchismo dos políticos nela enquadrados que se acham em plena ofensiva, visível no fato de alguns denunciados estarem à frente da indicação do novo diretor da Polícia Federal. De repente, pinta nova pauta em cima do abuso da autoridade, outra vez, como retaliação.
Daí, a importância de o fluxo judicial da operação ter continuidade como o depoimento ontem de Marcelo Odebrechet sobre o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, cujo pedido de propina teria sido feito, mas não operacionalizado. Ou ainda episódios como o da apuração pela Polícia Federal de um dossiê sobre o juiz Marcelo Bretas que teria sido providenciado por aliados de Sergio Cabral.
Se alguém acreditava que a fauna política, apesar do peso das denúncias, iria acomodar-se estava literalmente enganado. Ela se acha em plena ofensiva e de ingênua nada tem.

PSDB fora
Cresce no governo Michel Temer a tendência de afastar da aliança o PSDB por causa dos seus vacilos políticos, especialmente, nas denúncias contra o presidente. Essa inclinação decorre da pressão de áreas do centrão que querem as pastas entregues aos tucanos. De qualquer modo, uma situação constrangedora em vista de alguns ministros desejarem ficar no ministério, uma situação moral que nunca o partido tinha enfrentado e assim mesmo dividido e no muro. Por sinal que, Beto Richa saiu da posição contemplativa e defende o imediato desembarque do partido do governo. O racha se aprofunda pois Aécio Neves está destituindo o senador Tasso Jereissati das funções de comando. Dá náusea. Daquelas existenciais que não se alivia com Engov.

Apuração
Depois do testemunho dos assessores que confirmaram que a vereadora Katia Dietrich teria se apropriado no racha dos seus salários, ontem foi a vez da camarista reafirmar que tudo isso não passa de uma conspiração. Se escapar da Câmara, o que também não é fácil ante o material probatório, enfrentará o Ministério Público.

Folclore
Começou o desmanche, que levará muito tempo, das torres da Avenida Comendador Franco e não se sabe o que se dará com aquela importante via pública, porém o prefeito Rafael Greca anuncia que o mistério será esclarecido com flores, assim que ele mostrar o passarinho, isso é definir o futuro da estrutural que liga Curitiba a São José dos Pinhais para a qual já imaginaram um bonde moderno, veículo leve sobre trilhos, tantas vezes referido e jamais inserido.