Ofensiva da fauna
Ficou mais do que nítido o momento de ofensiva da classe política ao vencer a onda virtuosa do Judiciário, expressa na Lava Jato, no episódio de Aécio Neves e que se complementará, de forma tranquila, no bloqueio à segunda denúncia contra Michel Temer. Só o fato de que 43% dos que votaram pela causa serem investigados, constitui a evidência de que no jogo de braço intrapoderes, pelo menos neste exato momento, quem ataca é o polo passivo.

Como decorrência do choque, os políticos fazem com a maior naturalidade o uso das técnicas de chantagem que ficariam mal na mão de juízes: vão de sutilezas como a iniciativa contra o abuso de autoridade (quando desfiguraram o projeto de iniciativa popular dando mais força ao Ministério Público) e outras mais notórias e traumáticas, como a do exame dos denominados supersalários de magistrados a essa retaliação mais recente contra juízes trabalhistas com ameaça radical por causa da hostilidade de parte da magistratura à reforma trabalhista com a extinção desse ramo judicial. Aí, já é um caso claro de tacape no jogo de peteca no conflito de ideias e posições. É evidente que por vezes, na asfixia de sentir-se em clinch no ringue, usa-se a técnica sob a forma de ameaça como se tem visto até hoje no problema do tal abuso de autoridade em que um dos mais alvejados pelas denúncias, o senador Renan Calheiros, aparenta ser o maior interessado.

Como dizia o senador Romero Jucá, que foi votar em favor de Aécio ainda convalescendo de uma cirurgia, e nessa condição de "martírio" dando ênfase à ofensiva, é preciso, antes de tudo, deter a sangria. E está sendo em função de revezes, alguns decorrentes de transbordamentos de promotores, juízes e até ministros ou de falhas clamorosas em ações contraditórias, a revelar que há mais unidade entre a classe política do que nas instituições judiciais e pelo jeito há a convicção na fauna parlamentar de que ela se mantém amparada, em todos os fronts, pelo seu líder maior hoje expresso na figura do presidente Michel Temer que participou da articulação pró Aécio e que, com sua segunda vitoria contra denúncias do Ministério Público Federal, consolidará a frente das reformas que ninguém ousará deter como ele próprio diz e alegam seus mais entusiastas integrantes.

E as reformas, ainda que carecendo de solidez, virão agora com uma nova bandeira - a de reduzir drasticamente a taxa de desemprego no país. Em meio a tanto desgaste, destaca-se uma figura, que parece estranha no cenário, a de Henrique Meirelles, ponta de lança, até levado a sério pelos investidores potenciais do mercado internacional.

Ponta Grossa de novo
Volta e meia, gente de Ponta Grossa chuta o pau da barraca: agora o vereador e pastor Ezequiel Bueno ameaça impedir, em defesa da moral e dos costumes, a presença da performer e transgênero Pablo Vitar na cidade. Essa intervenção, que gerou polêmica na internet, veio logo depois de um manifesto de entidades da sociedade civil defendendo o militar que admitiu a retomada do poder desde que pelos meios constitucionais. Anos passados uma frente civil também postou-se pela interdição ao direito de votar aos beneficiários do bolsa família.

Mais feitos
Depois de ações como a havida, em vários Estados, contra a burla dos R$ 10 milhões por um gerente e contador em agência do Banco do Brasil, a polícia paranaense acredita agora ter posto a mão num dos membros da quadrilha de roubo de cargas.

Identidade
Boa parte do Paraná, por força da burocracia e falta de competência do Instituto de Identificação, vive um drama filosófico da essência-existência por não conseguir, mesmo com o maior esforço, agendar a obtenção da carteira de identidade. Isso se dá genericamente em vários pontos do território e um dos que reclama com insistência é Almirante Tamandaré. A autoridade descentralizada recomenda paciência. Melhor do que o relaxa e goza histórico da Marta Suplicy sobre aeroportos levados ao caos.

Herança
No serviço público, são comuns as heranças e Beto Richa vai ter que pagar uma de mais de R$ 550 milhões de natureza trabalhista, gestão Alvaro Dias, devida a professores regulados pela CLT em 1989, ironicamente um ano depois do massacre no Centro Cívico que impediu a invasão do Palácio Iguaçu, bronca também do professorado.

Anomalias como essa mostram a inviabilidade da governança séria e de regulação orçamentária. Sob choque com a situação fiscal, que finge ter driblado, o governo entra em acordo com a Justiça do Trabalho que cobra a conta buscando a compensação de descontos que tornem possível o pagamento. O mesmo processo que adotou com credores. Oásis já era.

Folclore
Ponta Grossa está na moda da censura: anos passados não queriam que beneficiários do Bolsa Família não tivessem o direito ao voto e recentemente sua classe liberal deu apoio ao general que defendeu a intervenção militar. Agora, um vereador quer impedir Pablo Vitar de lá exibir-se. Isso se completa com a cantora gospel, Aline Barroso, que na festa da cerveja preta queria impor a supressão da bebida. Nesse caso ela foi suprimida.