Um país ao Sul?
De 2010 a 2015, o faturamento com transportes rodoviários no Paraná cresceu 137% quando a média nacional ficou em 68%. Passamos à condição de segundo Estado do Brasil (lembram da pregação de Paulo Pimentel ?) ao saltarmos de 11,4 bilhões para 27,1 bilhões, nada menos do que a representação de 11% de todo o movimento no país. Obviamente, São Paulo na frente.

Quando da disputa entre Paraná e Rio Grande do Sul pelo terceiro polo petroquímico o melhor estudo técnico era o nosso, elaborado pela equipe do Badep, onde tínhamos expressões como Karlos Richbieter e Luiz Antonio Fayet, e um dos argumentos era o do maior volume de carga e, consequentemente, de consumo de combustíveis na região. Perdemos a batalha na questão política, pela maior tradição dos nossos irmãos do Sul que já tiveram vários presidentes, e como compensação nos permitiram erigir uma unidade de amônia e ureia, hoje privatizada.

Emulação no Sul é a bandeira principal para o Brasil meridional, melhor do que essa opereta que não leva a lugar algum, a não ser negar o país e sua unidade, na gincana convocada para este fim de semana do movimento "O Sul é o meu país". Persistimos na disputa com gaúchos pela quarto posto em renda interna, mas perdemos especialmente dos catarinas em escolaridade e expectativa de vida. Emulação é mais positiva, por exaltar potencialidades e unir, do que essa bandeira da desintegração. Dentre os fatores identitários nacionais esse da integridade do Sul é tão ou mais forte do que os que ornam paulistas, mineiros, cariocas, nordestinos. Fazer emulação, não é competir, mas fazer algo como o stakanovismo sugeriu para desentortar o socialismo da União Soviética, quebrar-lhe a rigidez, com a emulação capitalista. É isso emulação como um caminho de afirmação como se já não tivéssemos em nossa composição tanto gaúchos como catarinas, um dos quais, João Milanez, criou este jornal e um parnanguara, Jorge Lacerda, governou Santa Catarina e morreu na tragédia aviatória com Nereu Ramos e Leoberto Leal nas imediações de Curitiba .

Um novo prédio
Quando a Câmara Municipal cedeu R$ 70 milhões à prefeitura da capital como empréstimo fixou-se em lei que caberia ao prefeito construir a nova sede do Legislativo, mas tudo acabou empurrado pela barriga. Como a crise, sob Greca, ficou mais nítida decidiu-se revogar aquele compromisso, o de fazer a nova sede, tema de debate ontem provocado pela vereadora Josete que mostrou ser um absurdo que algumas câmaras da Grande Curitiba são melhores e mais aptas a recepcionar públicos não tão limitados.

Com as restrições do Corpo de Bombeiros para o acesso do público, que no ardor do ajuste fiscal botou em risco a integridade do prédio histórico, aflorou o debate que desconsidera que há tempos a Câmara cresceu em suas instalações acompanhando a sua tecnoburocracia cada vez mais numerosa. O fato é que o momento não é nada favorável.

Teto dos gastos
Acompanhando a linha doutrinária do governo federal com a medida do teto dos gastos, Beto Richa quer fazer o mesmo no Paraná, o que afinal soa contrário a afirmação de que teríamos superado a angústia fiscal. O superavit de pouco mais de R$ 2 bi nos dois quadrimestres oculta o fato de que só da Paranaprevidência foram tungados R$ 1,2 bi, com aquele saque clássico de R$ 150 milhões mensais. Como as taxas inflacionárias são liliputianas, elas serão acrescentadas ao teto no ano seguinte e assim por diante.

Tradução clara: não haverá mais aumento salarial para o funcionalismo, embora isso só se aplique ao pessoal do Executivo já que os demais poderes se atribuem o direito de incorporar a taxa inflacionária de que trata a lei. Será inevitável o atrito com áreas como a do professorado e da Polícia Civil, cuja rebeldia vem se tornando rotineira especialmente na luta contra a superlotação das cadeias distritais. E isso no cenário de um ano eleitoral.

O governador será tratado como inimigo número um do funcionalismo (antípoda do pai que deu o 13º e a paridade entre pessoa da ativa e aposentados) e terá dificuldades extremas para contornar greves e, como vier a combatê-las, terá o repique na campanha eleitoral com a APP-Sindicato no papel de maior confrontante reproduzindo as cenas que fizeram no passado contra Alvaro Dias de costas ao palanque do candidato na base da marcação cerrada .

O estampido
Vereadores de Curitiba querem acabar com as festas juninas e de fim de ano sob o fundamento de que devem ser abolidos os fogos com estampido e que tanto mal fazem aos sensíveis ouvidos dos cachorrinhos. Dá para imaginar essa norma aplicada ao Rio de Janeiro e na Austrália, duas das maiores celebrações mundiais, em defesa dos totós. Sinalizações por foguetes da chegada de drogas no mercado seriam alcançadas, no caso meritórias, afinal aquelas fora da lei.

Folclore
Quando eram comuns as piadas de paranaenses contra catarinenses e vice-versa, dizia-se que os catarinas lá pelos anos sessenta e pouco, ao lerem os outdoors de Paulo Pimentel na rodovia: "Aqui se trabalha, desistiam da viagem!".