Medidas da corrupção
Ontem foi um dia mais calmo para Beto Richa: as novidades complicadas da JBS que ameaçam a delação, o cerco no Rio em cima dos Jogos Olímpicos e a fraude para sediá-los e a apreensão dos R$ 51 milhões provavelmente do Geddel Vieira Lima e enrustidos num bunker. O país é de tal modo tomado pela corrupção que o fato de hoje, por gigantesco que pareça, ficará dentro em pouco reduzido ao nanismo. A mala do Rocha Loures é ridícula diante dos reais e dólares achados na Bahia.

Essa diluição dos acontecimentos beneficia acusados menos drásticos como o governador paranaense. Por sinal que, ele se vale de um raciocínio pouco honesto para afirmar que vencemos a crise fiscal estabelecendo um paralelo com o Rio de Janeiro. Este, como já disse, é caso de salvatagem, o de fazer flutuar o navio que afundou, e o do Paraná, até aqui pelo menos, é de tapar os rombos no casco. Da mesma forma, não tem sentido, na perspectiva da corrupção, comparar o seu caso com o de Sérgio Cabral, posto que na onda contra políticos de um modo geral haja esse tipo deformado de analogia.

Só há um risco: o de "suítes" jornalísticas como as de ontem da RPC, mostrando efeitos dramáticos da roubalheira das construções escolares na vida de vários municípios afetados. É nessa consequência da corrupção que se capta suas sequelas no plano humano e que acabam debitadas ao governo, ainda que este alegue que desde o começo agiu corretamente mandando fazer as apurações e demitindo envolvidos, o que não é bem assim, e não fosse a ação do Gaeco não teríamos feito algum.

Nenhum político deseja outra coisa que não a de ser o "mocinho" da história conquanto, nos dias atuais, a maioria esmagadora seja vista como vilão, às vezes, até injustamente. É difícil ampará-los com o benefício da dúvida. No Paraná, jamais em sua história tivemos tantos e tão variados casos de corrupção e que não se limitam aos invocados na Quadro Negro e na Publicano como se constata.

Greve
Se o exemplo dos motoristas e cobradores de Curitiba, com suas greves diárias por falta de segurança, se firmasse teríamos o seguinte: assaltado um banco, bancários se recusariam ao trabalho; roubada uma farmácia, outras solidárias fechariam e assim por diante. Dá para ver que, a despeito de tratar-se mais de um ato de resistência civil do que uma pressão sindical, ela não se justifica e deveria até provocar o funcionamento da Justiça impedindo o direito de ir e vir de toda população. Greve não cria demanda por exemplo numa economia recessiva como também não garante que a polícia se sentirá pressionada e agirá com mais determinação. O sindicato patronal está sugerindo que se acione o botão de pânico junto à Polícia Militar e à Guarda Municipal e já se obterá mais resultados, enquanto não se acerta a questão da rede de gravações do interior dos veículos, terminais e estações-tubo.

Façanha
A prisão da quadrilha que agia em Ibaiti, Faxinal e Londrina é feito incomum: a gangue era chefiada por um preso e se especializava em tráfico de drogas e assaltos contra postos de combustíveis e bancos. O operador chefe estava preso em Londrina e comandava tudo do interior da cadeia. Uma ação reabilitadora, inegavelmente.

Universidades
Péssimo o ranking das universidades locais, incluindo a Federal, no último ranking do "Times Higher Education"´: caiu de 27 para 21 o número de unidades listadas do Brasil. Uma das que entrou foi a de Ponta Grossa. Maringá e Londrina "dançaram" e só falta agora seus reitores se valerem disso no jogo de braço sobre a Meta 4 com o governo para dizer que a queda decorre da falta de recursos.

Escape
Já foram consumidos quatro anos em estudos e agora há projeto da Ecovia para a BR- 277 com área de escape em seu km 35, proximidades de Morretes, dois quilômetros da área em que houve mortes e vários veículos incendiados com a explosão de um carro tanque. Foram ouvidos órgãos técnicos e ambientais, mas o gargalo burocrático impede o avanço da melhoria.

Derrota
Rafael Greca sofreu derrota com a concessão de liminar pelo Tribunal Regional do Trabalho que o impede de designar médicos de terceirizados para o sistema público, enquanto não houver solução do dissídio coletivo da categoria com a prefeitura. A Procuradoria estudava como recorrer da decisão.

Injustiça
Waltel Branco teve participação em produção e arranjos de mais de 4 mil músicas, mas só recebe direitos por cerca de 400 delas e, por isso, se viu obrigado a deixar o quarto de hotel que ocupava na capital num despejo. Parnanguara, nome internacional na música e tido por João Gilberto como um dos maiores arranjadores da MPB, Waltel, que recebeu há tempos da Universidade Federal o título de doutor honoris causa, se viu obrigado a deslocar-se para o Rio e morar junto com uma filha. Grupo de músicos e amigos lutam para ampliar o reconhecimento da autoria de obras, dentre elas o da "Pantera Cor-de-Rosa" em colaboração com Henry Mancini.