A permanente emulação
Já se tentou, entre as ideias-força da terra, colocar o Paraná como primeiro Estado do país, como se dava no governo Paulo Pimentel nos anos sessenta. Passados mais de meio século desse episódio, não somos sequer o segundo no Sul em determinados indicadores, mormente sociais. E agora, depois de comemoração temporária como quarta unidade em renda interna, ultrapassando a gauchada, voltamos ao posto permanente de quinto lugar. A observação vem a propósito das últimas revelações de caráter demográfico em que voltamos a perder do Rio Grande do Sul por mínima diferença.

Aí, é indispensável mostrar que tanto a sociedade como a economia pouco tem a ver com o Estado-membro, posto que pela estatolatria vigorante no país se faça confusão entre uma coisa e outra, visivelmente demonstrada pela crise fiscal: o Rio continua a segunda economia do país, posto que o governo seja o mais quebrado e da mesma forma o Rio Grande do Sul ainda que figurando como gestão pública na medalha de prata da quebra.

Também não é verdadeira a afirmação frequente de que estamos com o melhor ajuste fiscal do país: não podemos sequer fazer concursos púbicos para reposição de pessoal e a ameaça de um colapso dos serviços públicos é constante. Nestes dias, o prefeito Rafael Greca, da capital, está mandando mensagem à Câmara Municipal em que se compromete a pagar em duzentas parcelas sua dívida com o fundo de pensão municipal. Já o governo, além de dever um empréstimo de R$ 640 milhões que paga em prestações suaves de Casas Bahia, toma todos os meses R$ 2 bilhões da ParanaPrevidência com o que insinua ter solucionado seus problemas quando apenas tunga o fundo de pensão em R$ 150 milhões mensais para suavizar cargas do Tesouro em cima de 33 mil aposentados.

A economia do Paraná também se distancia da fragilidade estatal que se aprofundou com Richa, mas já era visível nos períodos cumulativos de Roberto Requião e Jaime Lerner. O pior é que o governo ineficiente e quebrado ainda tem o hábito de apropriar-se de indicadores do IBGE e manipulá-los como obra sua. Bota a mão nos referenciais macroeconômicos com a mesma ligeireza que fez com o capital do fundo de pensão.

Per capita
O levantamento mais recente do IBGE apurou que 39% dos municípios paranaenses perderam população. Só falta agora, no andamento da campanha eleitoral, os políticos sugerirem que tal redução faz crescer o per capita do capital acumulado e que tal é obra deles. Pelo menos é mais sutil do que a marquetagem oficial.

Impeachment
Primeiro ano do impeachment de Dilma Rousseff deu margem ontem a muita reflexão: está visível hoje, mais do que à época dos fatos, que se não era golpe, até porque a desordem na economia obrigava a fazer algo mais radical, agora visivelmente é. Estamos diante de formas de consertação conservadoras com tal radicalidade que só enxergam interesses do mercado, dos empresários e dos rentistas, e que aprofundarão níveis de desigualdade. Única referência de justiça é a Lava Jato que, por isso, mesmo se atribui à condição de inimiga número um desse sistema de forças. Há extrema coerência em tudo, inclusive no ataque a Amazônia também em nome da ideologia do pragmatismo e da sem vergonhice.

Mais um: 99 pop
Como o agronegócio, o aplicativo 99 também é pop e com essa condição entra pra valer na disputa com o Uber e o Cabify no transporte individual. Rumores indicam, que o aplicativo terá redução equivalente a 44% no preço da tarifa comum. A campanha dos taxistas do transporte solidário estaria, segundo seus entusiasmados seguidores, 70 mil passageiros/dia dos ônibus. Acredite, como dizia aquele programa de televisão, se quiser.

Futebol
Bem, o Londrina já é semifinalista e invicto da Copa da Primeira Liga. Com a vitória sobre o Flamengo nos pênaltis, o Paraná também se habilitou. Se um time do Paraná levar esse torneio, acaba como se deu em 1973 quando o Coxa foi campeão do Torneio do Povo em Salvador contra o Bahia.

No cartão
A partir da próxima semana, a Ecovia aceitará nas praças de pedágio pagamento em cartão de crédito. Isso é simplificar, mas exigir identificação biométrica na Arena da Baixada é apenas cortejar a burocracia. Previsão: muita gente, por horror ao sistema e não poder ter o direito de ceder o seu lugar no estádio a um parente ou amigo, vai pular fora. Saudemos, portanto, como homenagem ao lendário Hélio Beltrão, o desburocratizador (e por isso sempre derrotado), essa entronização do cartão de crédito.

Folclore
A carreira de Requião se deve à extrema fidelidade de Beto Richa a Ricardo Barros. Deu-lhe apoio na campanha senatorial quando quem detinha mais condições era o correligionário Gustavo Fruet, que deixou de eleger-se por menos de 2%, que a força do governador imprimiria à campanha. Pois bem: agora tem dois candidatos ao governo na esposa do Ricardo e no Ratinho Júnior. Se o charme maringaense levar a melhor, pode ser derrotado de novo, isso sem falar que pode perder de Requião outra vez.