Encenação permanente
De olho como sempre no oportunismo, o governador valeu-se do cerimonial de Nova York relativo às ações da Copel na Bolsa, para postar-se, num momento de privatizações do rolo compressor de , e afirmar que as estatais paranaenses jamais passariam por esse risco. E com isso esquece da ação de Jaime Lerner em choque com a sociedade paranaense (no comando da reação Canet Júnior e dirigentes de associações conservadoras) que fez de tudo para derrubar a lei de iniciativa popular que impedia o leilão diante da reação do Legislativo, mas sobrepujando-a em meio a cenas dramáticas (o deputado Litro adoentado levado a votar quase na maca, Nelson Justus deixando a secretaria para transformar-se de novo em deputado), nas quais até tiros ocorreram em meio aos tumultos.

E a Copel só não foi privatizada, inclusive com o voto ágil do deputado , que declarou fazê-lo com consciência no dia 20 de agosto de 2001, por causa do ataque às Torres Gêmeas e ocorrência simultânea do apagão que retraíram os possíveis interessados. Uma cena mundial e outra de mercado interno, bem brasileira, contiveram os impulsos de Lerner, ora ratificado pelo correligionário que hoje exalta a Copel que queria vender.

Mas não é só isso, pois não faz tempo, acolhendo o pensamento do tzar fazendário, Mauro Ricardo Costa, embora a questão não fosse pacífica entre diretores da estatal, aprovou como acionista maior, inúmeras vantagens em dividendos ao acionista privado como de resto andou fazendo o mesmo, e isso desde Lerner, com as ações da Sanepar em mãos particulares. Há formas, portanto, de ser meio a favor das estatais, não inteiro, como num determinado momento convém.

Mistério
De repente, a Estrada do Xisto, a BR-476, uma das ligações do Sul com o Sudeste, se revela palco de sucessivos acidentes. Ocorre que, depois da operação tapa-buracos, a estrada ficou mais aceitável, inclusive com melhoras na sinalização, mas o suporte do tráfego intenso complica. Semana passada e nesta, tivemos vários acidentes fatais e a situação passa a exigir apuração mais de natureza técnica do que está ocorrendo. Na direção de São Paulo, é a famosa e histórica Estrada da Ribeira testada fortemente quando da guerrilha do Capitão Lamarca no litoral paulista pelo fechamento simultâneo da BR-116, a sempre inacabada.

Espuma
Até agora a tramitação legislativa da liberação da cerveja e chope nos estádios continua dando o que falar com o Ministério Público radical contrário e prometendo ir ao Judiciário e a maioria do público achando, pela experiência do passado, que isso nada tem a ver com a violência nos campos de futebol a cargo especialmente das torcidas organizadas. Quanto a isso, o MP se acha amparado pelo direito de livre organização. Pela brutalidade de muitas delas e vinculação às drogas ,equivale a legalizar a Ku-Klux-Klan. Por sinal que, um levantamento sobre uma das torcidas do Palmeiras apurou que havia entre seus integrantes mais de 40 procurados pela Justiça, alguns sentenciados.

Riquixá
A operação Riquixá do Gaeco chegou em Paranaguá na licitação irregular, induzida, do sistema de transporte coletivo com a prisão de onze pessoas. Pelo jeito, passa bem longe de Curitiba, conquanto tenha chegado em Guarapuava, Foz do Iguaçu e Maringá.

Quadro negro
A operação Quadro Negro do Gaeco, que pegou uma quadrilha que recebia faturas de obras inconclusas, deixou problemas em todo o Paraná, um deles em Campina Grande do Sul no Jardim Paulista, onde em prédio improvisado mais de 600 alunos assistem aulas por causa de uma construção parada. O que anda mais depressa é a Justiça na apuração dos crimes, no enquadramento dos autores, mas os serviços persistem estagnados. O Gaeco anda de elevador e o governo é como sempre atrasado, como no caso da gangue dos fiscais fazendários em que a Justiça é célere e a administração lenta como se vê no andamento administrativo da corregedoria, quase parando. Deveria ter o ritmo daqueles dançarinos permanentes do "Nota Paraná", o que ajudaria no incremento da arrecadação.

Fair play
A Guarda Municipal de São José dos Pinhais se sentiu ofendida com os saques a respeito da liberação da barba por seus componentes e mandou enquadrar um blogueiro que tirou sarro a respeito. Negar que o ato liberatório tenha um aspecto anedótico é inevitável. Corporações com origem em normas e padrões militares correm riscos óbvios na questão das aparências.

Desconto
Professor que não for à aula hoje celebrando o 30 de agosto de 1988 (as bombas de efeito moral no Centro Cívico contra os sindicalistas no governo Alvaro Dias) sofrerão desconto em folha. O aviso foi dado.

Folclore
A delação premiada do doleiro Lúcio Funaro foi encaminhada por Rodrigo Janot ao relator do processo no STF, ministro Edson Fachin. Essa esquenta o caso de Eduardo Cunha no intento de obstruir a Lava Jato. Se fosse feita uma pesquisa no Senado e na Câmara Federal, a maioria seria pela obstrução do fluxo judicial como foi pelo arquivamento do processo contra .