10% do saque
O novo pacote, agora mais discreto, de Beto Richa projeta economizar R$ 200 milhões na estrutura estadual, menos de um décimo do que arrecadou com o saque do fundo de pensão estadual. Só esse referencial dá uma ideia do seu baixo impacto no esforço para complementar o ajuste fiscal tão badalado que comprova apenas que o Paraná quebrou e não foi ontem, mas seguramente agora no seu período de gestão.

Isso não tirou a arrogância, a prepotência e a soberba do mandarinato visível nas suas peças de propaganda como sempre, e isso seguindo a tradição de décadas, do triunfalismo que só se afirma no mundo virtual, aliás caríssimo e um dos pontos de mais elevados custos, especialmente quando visa um público mais externo. Vale-se das rotinas das empresas públicas, que insiste em projetar como as maiores do país, para sugerir que se faz alguma coisa, isso sem falar das estradas pedagiadas, cujos contratos tenta prorrogar, felizmente com pelo menos a Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) na linha de resistência.

Na verdade, o maior feito da calafetação do barco que fazia água ainda é o saque violento da ParanaPrevidência que implica em R$ 2 bi anuais para encolher na marra os dispêndios do Tesouro Estadual em cima de 33 mil aposentados. Foi a mais cirúrgica das operações, o que não tira, num plano mais realista, um certo traço de malandragem de parque da jogada, aliás precedida de um "empréstimo" de R$ 640 milhões que vem sendo pago em prestações. Aliás, um dos hábitos da tradição é pegar grana de empresas estatais como houve um de R$ 1 bilhão da Copel. Tudo, afinal, confirmando a situação ainda anômala, apesar de pintada como um oásis e travestida de exemplo no país arrasado. Usar referenciais analógicos como o Rio de Janeiro é manobra vizinha da cretinice.

Ironia
Especialistas em saúde estão alertando que o fechamento por Rafael Greca do Instituto Pró-Cidadania se refletirá, e isso brevemente, em estatísticas de mortalidade infantil que afinal tanto projetavam Curitiba nos últimos anos. Pois agora um levantamento da revista "Época" das 100 melhores ONGs do país botou a instituição curitibana entre as maiores do país. Outras que aparecem bem, e da terra, são a Aliança Empreendedora e o Pequeno Cotolengo.

Sentença
Chegou ao fim o processo melancólico que envolvia o IFPR (Instituto Federal do Paraná), na operação de ensino a distância através de ONG terceirizada. Dezesseis foram condenados pelo juiz Sérgio Moro, mas o ex-petista Irineu Colombo, reitor da época, foi absolvido.

Restituição
Saiu desde ontem o terceiro lote de restituição do Imposto de Renda e que alcança nada menos que 108 mil contribuintes, mais uma perspectiva de incremento ao consumo, como se deu com os R$ 44 bilhões do FGTS inativo no mercado. É, aliás, o sinal que está faltando - o da ativação do consumo - para Michel Temer festejar o que ele chama, um tanto precipitado, de recuperação da economia.

Denúncia
A despeito da luta sem tréguas que tem desempenhado contra as fábricas de cimento amianto no Paraná, protegida em lobby político, o Ministério Público do Trabalho não desiste e montou um documentário cinematográfico altamente dramático sobre os efeitos da fibra nos pulmões dos trabalhadores. Essa é uma causa mundial e muitos países já aboliram o uso do amianto por seus efeitos perversos não apenas dos trabalhadores mas ainda dos consumidores que usam equipamentos dessa origem em seus domicílios.

Oficina
A supressão da Oficina de Música se deu em meio às medidas de austeridade que precederam o pacote fiscal de Rafael Greca. Agora, se anuncia que a de 2018 se realizará entre janeiro e fevereiro.

Trombadas
E as trombadas da Lava Jato já se dão de forma escancarada sem sutileza: o ministro Gilmar Mendes – e isso depois de um encontro não agendado com o presidente Michel Temer - voltou a atacar de forma imoderada o procurador da República, Rodrigo Janot, o que levou associações do Ministério Público ao repique. O presidente pretende caracterizar Janot como um caso persecutório pessoal tal qual Lula tenta fazer contra Sérgio Moro. Como se vê, de repente, os extremos se entendem até na conspiração já que no plano moral são parecidos.

Nostalgia
Volta e meia se fala na região Norte no trem pé-vermelho de passageiros entre Londrina e Maringá. Predomina um sentido de nostalgia porque o modelo de exploração ferroviária é, na concepção atual, dirigida para cargas, tanto que só se admitem linhas turísticas em casos muito específicos como a litorina Serra Verde que atende o litoral e durou pouquíssimo tempo a exploração da Maria Fumaça em direção à Lapa.

Folclore
O escritor Wilson Rio Apa, com seu cabelo longo e barba nazarena, chega na Estação Ferroviária de Paranaguá. Um dos primeiros a usar Jean Sablon , camisa fora das calças (apelidada de "caga em pé"), deixou a bagagem na plataforma e os trabalhadores que discutiam a quem pertencia o identificaram e o apelidaram "Jesus Cristo em férias".