Saturação processual
Várias vezes apontado como o chefe da quadrilha, o ex-presidente Lula é agora denunciado pela Procuradoria Geral da República, numa variável da Operação Zelotes, em Medidas Provisórias com benefícios fiscais a montadoras. Assim, além das respostas cumulativas no problema do tríplex às afirmações contraditórias de Lula no depoimento a Sérgio Moro nas quais se comprovam as relações frequentes e intestinas com dirigentes condenados da Petrobras, se percebe essa confluência de acusações.
Pelo jeito, o esforço é para ratificar aquilo que Deltan Dalagnol afirmou no diagrama espetaculoso, criticado severamente por Teori Zavascki, relator no STF, por seus visíveis transbordamentos, na sequência das denúncias o que tende também a levar a defesa a acusar um direcionamento artificial. A verdade é que há consistência factual nos eventos referidos.
Processos não são vasos comunicantes, mas as cargas nessa direção criarão dificuldades severas para o ex-presidente ainda que se ajustem, pelo alinhamento, à tese conspiratória da armação direcionada e da perseguição. Mas o que é que se espera do Ministério Público se não o libelo acusatório e o cerco do réu, acoplado a investigações da polícia judiciária?

Judiciário em questão
No momento em que o Judiciário é exaltado como última esperança de livrar o Brasil da corrupção sistêmica, o Paraná é um exemplo claro de que aqui mal funciona: está marcado para o dia 30 deste mês o júri de Ataide de Oliveira Neto, promotor de evento no Jockey Club que provocou a morte de três jovens e inúmeros feridos e que no dia 31 marcará 14 anos da tragédia. Catorze anos, é possível aceitar tanta protelação? Sirva o tema de reflexão no momento em que marcamos a passagem de oito anos da morte dos jovens no acidente envolvendo o ex-deputado Ribas Carli e com o Poder Judiciário sem saber se manda ou não o processo a júri.
Além disso, temos os casos do Nelson Justus, denunciado nos Diários Secretos e até agora não julgado, como houve ainda o do protegido do governador, o Ezequias, aquele que metia a mão na grana da sogra fantasma, fato denunciado quando era chefe de gabinete do deputado Beto Richa. A Lava Jato pelo jeito não contagia e é insuficiente para mexer com os fortes rituais da cordialidade na província.

Ciclistas
O cicloativismo não é apenas um fenômeno urbano da maior grandeza: sua prática alcança a rede viária e é aí que no número de acidentes e de mortos preocupa. Só neste ano, anota a Polícia Rodoviária Federal, 65 acidentes com eles e o registro de 8 mortes, enquanto em 2016 tivemos 27 casos fatais em estradas federais. A PRF vai fazer uma experiência piloto na BR-277 entre o Parque Barigui e a serra de São Luis do Purunã com sinalização vertical para conter a sinistrose.

Açodamento
Quando Rafael Greca mandou o pacote fiscal para a Câmara Municipal houve a crítica de açodamento e precipitação, depois confirmada nos primeiros debates e agora chega a surpreendente afirmação de que no relato sobre o fundo de pensão, o IPMC, se falou em 4.500 pensionistas quando se trata apenas de 2.200.

Bancos
O deputado Raska Rodrigues levantou a questão de colocar bancos em pontos de ônibus que lembra aquela outra anterior que pretendia mexer no layout da estação-tubo com privadinha ou "casinha", como sugeriam alguns. É verdade que a mais nova sugestão é mais racional, mas que dependeria, como sugere o IPPUC, da existência do respectivo projeto.

Via polêmica
O governo, que se caracteriza pelo imobilismo, ainda que faça marketing exagerado em obras de infraestrutura, pretende uma nova ligação entre a Praia de Leste e a Ponta do Poço, onde se pretende erguer nova estrutura portuária distante do traçado atual sabidamente saturado até na constatação de simples feriadões. Já houve sessão pública de debate sobre o assunto e ontem tivemos outra. A resistência dos ambientalistas é radical pelo fato de ser inevitável a destruição de áreas de manguezais que deveriam estar sob regime de proteção especial. Mais uma vez há o risco de depredação em nome de uma nova etapa portuária e novos regimes de concessão. Se forem observados todos os parâmetros técnicos, exigir-se-ia obras de arte em série sobre rios (como o Maciel) e que teriam custo astronômicos. Quem esperou tanto tempo até que pode esperar um pouco mais. Mais açodamento, mais pragmatismo. Urge reagir.

Um feito
A Denarc paranaense, em diligência em São Paulo, prendeu traficantes com 5 toneladas de drogas e sete fuzis e que se dirigiam ao Rio de Janeiro.

Folclore
Havia duas pessoas extremamente supersticiosas, o médico Espiridião Feres (que foi presidente da Federação de Futebol) e o Vera do Detran, que se apenas se tocasse no ombro deles andavam quilômetros para replicar e ficavam angustiadíssimos se não o fizessem como se tangidos por uma praga. Divertidíssimo vê-los a correr atrás dos outros para devolver o místico e sagrado cumprimento da Boca Maldita até o Centro Cívico, do Batel à Água Verde.