Alarme justificado
Um folguedo eletrônico, na verdade uma adequação aos novos tempos da roleta russa, alarma Curitiba: nessa terça-feira cinco tentativas de suicídio de adolescentes e três de automutilação em função do "Baleia Azul", obsessão lúdica da gurizada e com alto poder mórbido em situações de superação de limites a que são levadas pela engenharia do jogo. Quem deu o alarme em primeiro lugar foi a Secretaria de Saúde Municipal que detectou a série de ocorrências.
Seguiram-se, como sempre, depoimentos de educadores, psiquiatras, psicólogos e até o Cope (Centro de Operações Policiais) entrou em ação para investigar as consequências psicossociais do fenômeno que envolveu ainda o Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente também da área de segurança. O impacto das ocorrências acaba de um lado mobilizando defesas na família e na escola e, de outro, conferindo aura mais aguda a esse tipo de desafio que lembra do passado distante "o jogo da verdade", que entre europeus era chamado de "a lei".
O suicídio, segundo Sartre, o único e verdadeiro problema da filosofia, sempre foi um tabu ou pelo menos conservou um pouco disso na interdição do assunto como regra nos jornais e hoje, ao contrário, é tema de tirinhas de humor com o personagem se atirando de um penhasco e de incursões de séries em vídeo e de obras do tipo "Suicídio, como fazê-lo?". No caso, não se o examina pelo ângulo sartreano, filosófico, mas na perspectiva de que respostas claras e objetivas daremos a uma patologia dos nossos dias como já tivemos as expressas na "roleta paulista", que se fazia com automóveis o mesmo que com os disparos da sorte ou do azar da "roleta russa".
Da mesma forma que não se publicava suicídios na imprensa na perspectiva de que poderiam levar a uma escalada em massa, o que não se lastreava em pesquisas, mas na constatação de que poderiam levar à imitação por parte dos mais propensos e isso figurava ao lado de outras cautelas como a de proibir a leitura de "Werter", de Goethe, e de filósofos pessimistas. O pior é que até as tiradas de humor a respeito na internet acabam sustentando a prática ainda que no intento de coibi-la ou de olhá-la como sarro. Uma das constatações mais graves é que em vários desses casos de Curitiba os jovens faziam o jogo em grupo.
Decisão equilibrada, corretíssima, do governo de tratar o assunto na perspectiva da segurança e da educação, como a questão já vem sendo encarada pela saúde na esfera municipal.
Pais, professores, famílias, igreja, uni-vos!

Adiamento
Na CCJ do Senado dois senadores paranaenses, Roberto Requião e Alvaro Dias, ontem seriam fatores dominantes: o primeiro com o relato sobre abuso de autoridade e outro com o fim do foro privilegiado, posturas antagônicas diante do cenário gerado pela Lava Jato. Houve pedido de vista no primeiro e o segundo também ficou para a próxima semana.

Codinomes
Codinomes da Odebrecht constrangem políticos: Beto Richa não chiou contra o "piloto" como fez anteontem na TV Band com "brigão" ao declarar-se "respeitoso e educado". Caricatural, o de Gustavo Fruet como "Dentuço" e estranho o de Gleisi como "amante" e "coxa", quando leva jeito de atleticana. Afinal, ninguém quer ser o "amigo" e o "italiano".

Multas
Há uma corrente, aquela que diz ser o bolso a parte mais sensível do corpo, propondo aumento das multas nas pichações de R$ 1.600 para R$ 5 mil nas comuns e que deseja ampliá-la em casos de prédios públicos e históricos para R$ 10 mil. Agora vai? Ou o melhor é flagrar e prender e fotografar a restauração, ainda que isso pareça um destempero próximo da execração, o que é proibido.

Sinais
Pelo jeito, sinais detectados pelo Banco Central de discreta melhora na economia em fevereiro seguem em abril com o registro de empresas na Junta Comercial em 15% a mais do que no primeiro trimestre do ano passado e encerramento de firmas com queda de 10%. Isso é melhor para o Michel Temer e a campanha das reformas do que a vinda do papa, rejeitada pelo Santo Padre.

Investigações
No rolo da Universidade Federal na área de pós-graduação, a Receita Federal teria detectado que entre beneficiários da manobra fraudulenta havia criança e até um morto. Pelo jeito, isso vai render.

Folclore
Beto Richa não gostou do apelido de "brigão", mas acatou o de piloto, tal sua identificação com os bólidos, seja um kart, como nos seus tempos mais juvenis, ou um de verdade como aquele em que tem como companheiro o fiscal apontado como chefe da gangue da Receita Estadual e condenado na Justiça a mais de 90 anos.