Afinar a orquestra
Além dos impactos das delações, que agora chegam no PSDB e especialmente em Aécio Neves, o governo Temer vai perdendo a sincronia no parlamento com os atos de resistência na Comissão da Previdência e agora, também na Câmara Baixa, com a disposição de restabelecer projeto de terceirização do Senado de 1998 de FHC e que anistia débitos das empresas, o que é recuo muito grande relativamente ao mais moderno dos debates de 2015, e sinaliza a reforma trabalhista de tramitação mais rápida: basta passar por uma votação no plenário para ir à sanção presidencial, solução curta e grossa, mais grossa do que curta.
Esse tipo de protagonismo, no caso ideia de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, que deseja aprová-la ainda neste mês, além de não ter o aval dos atuais senadores, não contenta também o centro do poder. Essa circunstância, a de o Senado atual não ter debatido o tema, vai ser questionada pela oposição no STF, restabelecendo a questão de competência entre os poderes, contingência constante dos nossos dias, sujeita a chuvas e trovoadas e papelão para os envolvidos como ocorreu com a "capitis diminutio" de Renan Calheiros e a salvação dos direitos políticos de Dilma Rousseff.
O projeto mais recente é menos concessivo, mais rico em casuística e cautelas, mas como meio de provocação, pelo impacto que provocará junto às centrais sindicais, tem maior poder de abalo institucional nas duas casas do Parlamento, ainda mais que suprime a função de câmara revisora do Senado especialmente no evento.
Apesar da identidade comum como entes do ecossistema das propinas, no dia a dia arrumam, volta e meia, formas identitárias de conveniência como essa em assunto tão explosivo. Afinar essa orquestra, que aparentava ir tão bem desde a medida de controle dos gastos e da reforma do ensino médio, não será nada fácil.

Avenida sem torres
Finalmente, a Copel decidiu que irá retirar as torres da avenida e isso a partir do segundo semestre deste ano. Trata-se de empreendimento de envergadura e que tomará muito tempo não só pela complexidade técnica das operações como pelas dimensões da avenida com seus oito quilômetros de extensão. A existência das torres era o fator de identificação. A essa altura teremos um festival de fotos da situação atual para efeito de memória histórica. Há muito se fala em remoção da fiação aérea e nos primeiros estudos da Avenida das Torres se cogitava exatamente dessa medida ainda que limitada àquela área.

Morte
O absurdo acidente na Avenida Paraná, quase à frente da Casa da Mulher Brasileira, provocado por motorista que fez a conversão proibida, acabou matando o médico legista, Alexrandre Gebran, de 76 anos, que conduzia um carro oficial.

Mais prisões
Em nova etapa de operações no caso dos desvios da Universidade do Paraná no setor de pós- graduação, a Polícia Federal fez mais prisões e conduções coercitivas. Além das duas servidoras, uma aposentada, também envolvida, foi levada à prisão. Fala-se num pente fino em outros setores em função do andamento investigatório.

UPAs
Há um esforço dos prefeitos para que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em obras contem com o apoio especial do ministro Ricardo Barros, da Saúde, muitas das quais podem vir a ser inauguradas quando sua esposa, Cida Borghetti, vice-governadora, assumir o governo estadual e der a arrancada da campanha, então de reeleição. Para se ter uma ideia das dimensões do problema, basta lembrar que no preciso momento há em todo Paraná pelo menos dezenas de UPAs fechadas sem data para serem devidamente inauguradas.

Brunomania
O habeas corpus concedido em favor do goleiro Bruno, matador da amante, assanhou setores do PT que nele viram jurisprudência para tirar petistas como Zé Dirceu e tantos outros da cadeia. Uma interpretação extensiva tiraria mais de 40% dos presos das masmorras do País pela simples circunstância de que seus processos não estão conclusos, dentre eles muitos dos mortos e decapitados das últimas rebeliões.

Folclore
Amar o que faz é uma compulsão clássica de jornalistas. Marcel Leite, profissional gráfico de alto nível, amava tanto o fazer jornalístico que morreu na redação do jornal "O Dia" que estavam tentando fazer reviver. Quando o cineasta Orson Welles esteve no Brasil teria se encontrado com o artista gráfico e dele ganhou um presente: um móbile do Calder. Quando Calder morreu eu pedi emprestada a obra para a viúva, Edde Isabel, que morava nas cercanias do Canal 12 e a introduzi no cenário do telejornal que eu dirigia, aquele tempo no Castelo do Batel.