Alinhamento inevitável
A classe política, de um modo geral, percebeu que não pode dissimular "distância em relação às apurações judiciais e se obriga a lutar desesperadamente em seus espaços na linha sucessória da Presidência para gizar seu posicionamento na linha de choque intrainstitucional. Já o mantinha com Eduardo Cunha na Câmara Federal e Renan Calheiros no Senado, durante e após o impeachment de Dilma Rousseff e tenta com isso configurar, o que de fato existe, uma emulação entre o Congresso e o Judiciário.
Tudo favorece tal alinhamento já que a esmagadora maioria dos políticos está referida nas malhas da Lava Jato, entre os quais os postulantes mais fortes à eleição das duas casas e ainda ministros do atual governo e o próprio presidente. Este mostra habilidade de um príncipe nesse convívio ao expressar nas suas opiniões e pontos de vista favoráveis ao fluxo normal dos procedimentos e ao se recusar a designar o novo ministro do STF antes que seja apontado o substituto de Teori Zavascki na relatoria, e também ao expressar aprovação à homologação pela ministra Cármen Lúcia das delações da Odebrecht. Dá até uma ideia de distância no estilo Bertold Brecht (sem trocadilho com o gênio do teatro político) como se não estivesse também enrolado no processo, uma categoria de esgrimista no florete.
Como o STF deve julgar em breve a questão delicada da linha sucessória presidencial e já tem uma base jurisprudencial firmada nos bloqueios tanto a Eduardo Cunha como a Renan Calheiros, dá para imaginar os lances que assistiremos na sequência. Aliás, o compromisso-mor é o de expor-se abertamente e acreditar numa reversão processual, enquanto se diz, e de forma farisaica, que a atividade política estaria sendo "criminalizada" como se delinquente não fosse.

Tacape
De certa forma, o Legislativo justificou no caráter solene da sessão de ontem o veto à entrada de duas centenas de professores. Isso não impediu que a APP se mostrasse disposta a acumular energia com as manifestações externas de praxe e agora também revitalizada com a vitória parcial (poderia ser anulada ainda ontem) na liminar concedida em favor de sua tese na questão da hora-atividade. Mas a proibição não pode ser permanente e segunda-feira o circo se restabelece com os mestres ocupando as galerias e pressionando os deputados, hora adequada para Requião Filho e Tadeu Veneri ganharem os holofotes da cena no papel de Davi contra o gigante Golias da maioria parlamentar governista, como fizeram ontem lá no meio da praça entre os rebelados.
Não é tacape em jogo de peteca: certamente o será se o bloqueio for mantido na sessão ordinária.

Moro na frente
Na lista da Associação dos Juízes Federais para o STF quem saiu na frente com 319 votos foi Sérgio Moro, seguido do juiz do STJ Reinaldo Soares da Fonseca com 318 votos e o terceiro Fausto de Sanctis como possíveis substitutos de Teori Zavascki. A homenagem ao comandante da Lava Jato na primeira instância ainda que justamente o impediria no STF de julgar os processos nos quais caneteou.

Tarifa espinhosa
Em trabalho de consultoria, a pedido do cartel do transporte coletivo ,chegou-se a uma tarifa técnica de R$ 4,57, elevadíssima e contestável no ponto de vista do prefeito Rafael Greca, o que deve ser feito pela Urbs, enfronhadíssima nos mistérios da planilha que tem devorado todos os que tentam decifrá-la. Greca quer renovação da frota que está em petição de miséria, como se sabe, e esse vai ser um embate maior do que o salarial de motoristas e cobradores.

Vitalidade
Justificável o destaque, em manchete desta ´´FOLHA´´, ao demonstrar que ao contrário do resultado geral do Paraná em que tivemos mais fechamento do que abertura de empresas (40.354 a 39.481) Londrina mostra vitalidade em 2016 com mais do que o dobro de firmas novas. Foram abertas 7.591 contra 3.025 fechadas. Essa sincronia entre os acontecimentos e a motivação da comunidade, notadamente num momento de crise e recessão, coloca o meio de comunicação a serviço da causa comum, objetivo irrenunciável, mesmo quando aparenta sobrepor os interesses da aldeia face aos dominantemente globais.

Folclore
O bullying nem sempre é do adulto contra a criança ou o adolescente. Em alguns, como a peraltice de apertar campainha e sair correndo ou ainda deixá-la sobre pressão de um esparadrapo. Como teria acontecido, segundo lenda urbana, em que Monsenhor Celso ao ver um menino buscar, sem condição de alcançá-la, acionar o alarme o substituiu, valendo-se da altura incomum, passando por um vexame. Num deles, havia dramatização com dois meninos simulando uma briga, um deles com um pau na mão, aí entrava um adulto com a pretensão de equilibrar a disputa e pegava na ponta da madeira e o guri a puxava enchendo a mão do metido a árbitro cheia de titica.