Em plena ofensiva
Ainda sob o peso residual do massacre inesquecível no Centro Cívico, Beto Richa entra num ciclo de ativismo para respaldá-lo ao passo senatorial e a sustentação de uma ampla base para continuar imperando. Liberou R$ 4 milhões para compra de remédios na prefeitura da capital e nos próximos dias reúne os burgomestres de todo o Paraná, que vivem na adversidade, para anunciar apreciável repasse de recursos com R$ 60 milhões para Curitiba e R$ 400 milhões para uma partilha aos demais em função do ICMS devido.
Com o nanismo da oposição, matematicamente inofensiva, sente-se à vontade para voltar a um papel dominante, posto que sua gestão tenha rendido o maior número de casos cabeludos de corrupção como os visados pelas operações Publicano e Quadro Negro do Gaeco no estouro da quadrilha fiscal e no desvio de recursos em construções escolares, nos quais alguns dos seus íntimos companheiros de lazer aparecem envolvidos.
Cada passo seu será acompanhado, especialmente, pelos sindicatos de funcionários públicos que sofreram o veto ao repasse automático do seu reajuste, o que ocorre pela segunda vez em menos de dois anos. E a cada ato de generosidade, como esse da transferência de recursos devidos aos municípios, terá o alarido dos prejudicados com a constatação de que servidor público deve conformar-se por não estar vivendo o drama do Rio de Janeiro, de Minas e do Rio Grande do Sul.
O fato é que esse tipo de movimentação, ante a analogia inevitável, perde musculatura e tende a encaminhar-se para um ponto inercial, em parte compensado pelo pagamento das promoções e progressões em atraso e que atinge apenas parte do quadro funcional, dentre eles os mais fortes, em termos sindicais, como professores e policiais.
A condenação na primeira instância de um dos seus companheiros de teste automotivo à pena perpétua, já que ultrapassou os 90 anos, como um dos líderes da trama fiscal, e as possíveis sentenças tanto nesse processo como no das construções escolares marcarão sua passagem de forma indelével pelo Palácio Iguaçu, traço marcante que nenhum governante alcançou em ranking negativo. Para compensar, busca melhorar no ibope.

Oposição
Rafael Greca tem maioria semelhante e em alguns aspectos superior à do seu antecessor, mas está visto que enfrentará batalhas nas redes sociais, uma delas movida pelo coral da Universidade Federal que se mostra inconformado com o adiamento da Oficina de Música, ainda que já pautada para julho. Pelo jeito, o prefeito, ainda não restabelecido, pretende fazer do meio do ano um salto de qualidade em sua administração programando não só o evento cultural como também simultaneamente a reintegração metropolitana do transporte coletivo, com o qual terá ainda em fevereiro o arranca-rabo das tarifas com o contrato coletivo de trabalho de motoristas e cobradores, como sempre bem arregimentados e, é claro, apoiados pelo patronato que insiste na revisão contratual por alegadas perdas.

Sem previsão
As obras, cada vez mais indispensáveis do Contorno Sul, ficarão para as calendas por que não há a menor perspectiva de recursos suficientes.

Água
Para a Sanepar, a temporada de praia é um teste de mercado porque a clientela metropolitana para lá se desloca e volta e meia o sistema de abastecimento falha, como se deu agora com uma ruptura de adutora. Água que sobra por lá, além da do mar, é a de águas vivas que, segundo os bombeiros, queimam pelo menos mil banhistas diariamente. Essa é quentíssima, urticante, regada a talassina e congestina.

Austeridade
Enquanto Almirante Tamandaré vivia um exemplo de prodigalidade com seu prefeito anulando decisão que reduzia salários do prefeito, vice e secretários e aumentando-os, Pinhais passava pela turbulência de manifestações na Câmara Municipal que aprovou por unanimidade o projeto da prefeita Marli Paulino que congelava salários de funcionários por seis meses e cortava 15% dos ganhos da cúpula administrativa. Funcionalismo rugiu e saiu para o confronto, mas a população aprovou. Pelo menos ninguém chamou a austeridade de reacionária, da direita e neoliberal, o que já é um saldo em inteligência

Folclore
Quando havia catástrofes em deslizamento de terras e enchentes, Lula sumia do mapa a fim de não ser contaminado com notícias negativas, pois agora Michel Temer quase o imita ao levar três dias para fazer um pronunciamento sobre o segundo maior massacre de presídios do Brasil em Manaus. É claro que, demorando, não poderia se sair bem. Era um tema temerário como tudo que se dá no governo federal que patina na areia movediça, mas não perde a pose e conserva até uma relativa soberba.