A proposta original, ainda em 1970, era desenvolver uma medicina integral, associando a Medicina preventiva com a clínica por meio da organização da atenção primária à saúde. Nesse sentido, deu-se início o trabalho prático no primeiro Posto de Saúde periférico de Londrina. Na Vila da Fraternidade, passou-se a desenvolver não apenas ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, mas também atenção básica de saúde.

No período de 1977 a 1986, os professores da UEL tiveram um papel fundamental na fase inicial da implantação das UBS (Unidades Básicas de Saúde) em Londrina, e desempenharam importante função no desenvolvimento da proposta e das primeiras experiências que foram se disseminando por toda a região. Este fato deve ser considerado com destaque na trajetória histórica da saúde pública em Londrina, pois, de certa forma, mudou a política de saúde no Paraná.

A organização dos serviços de saúde em Londrina na perspectiva da estruturação de uma rede de atenção básica pela prefeitura tem uma história de parceria de mais de 40 anos de trabalho ininterrupto, desde o início da década 1970, ainda na estruturação da antiga Faculdade de Medicina do Norte do Paraná e do seu Hospital Universitário.

Através do convênio estabelecido em 1969/1970, eram repassados recursos financeiros da Prefeitura de Londrina para a academia, no sentido de assegurar a assistência à população, através do HU e das três unidades periféricas de saúde implantadas no município, sendo duas na área urbana (Vila da Fraternidade e Jardim do Sol) e uma na zona rural (Paiquerê).

A histórica participação da UEL na organização da rede de atenção básica em Londrina continuou até o seu momento atual, sendo que agora não mais para uma atuação dos estudantes nos três postos de saúde escola pioneiros - que ficaram inclusive sob a administração da Divisão de Unidades Periféricas do HU até a sua municipalização em 1992 -, mas para uma inserção no conjunto da rede básica que já passa das 60 UBS, todas integradas ao Programa de Saúde da Família.

É nesse contexto de antigos e novos registros de uma experiência em processo, que o Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (iNESCO) marca o registro histórico do embrião do SUS em Londrina e no Paraná, e considera um desrespeito à população, o fato de há 4 anos o imóvel da UBS da Vila da Fraternidade ter sido demolido sem terem sido assegurados os recursos e os projetos para a sua substituição.

Nesse sentido, destacamos o papel do governo do Paraná, através da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), que já repassou R$ 650 mil para as obras da nova UBS, e cujos recursos já estão disponíveis no caixa da Prefeitura de Londrina, e analisamos que a área da nova UBS possa e deva ser menor, uma vez que o perfil de funcionamento desta unidade é para o atendimento de uma população de perto de 5 mil pessoas, sendo que o projeto foi feito para uma população de 10 mil.

Manifestamos, portanto, nossa total solidariedade com os moradores da área de abrangência da Vila da Fraternidade em ações que defendem o início das obras o quanto antes. Também a nossa solidariedade com os servidores da Secretaria Municipal de Saúde, que estão trabalhando em condições precárias e instáveis na UBS da Vila Ricardo e também defendem a construção da UBS da Vila da Fraternidade o quanto antes. E apelamos ao bom senso das autoridades municipais para que seja realizada a adequação do projeto original para que as obras sejam retomadas ainda neste semestre de 2017.

JOÃO JOSÉ BATISTA DE CAMPOS é professor da UEL e diretor presidente do iNESCO

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res. Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br