A sustentabilidade envolve um princípio que agregue as melhores intenções e as melhores ações e experiências construídas ao longo do tempo. A elas se somam os potenciais que no cotidiano emergem como descoberta do amanhã. Das ciências e as tecnologias, das experiências ao novo que brota, a sustentabilidade é o sonho que nasce com características mais próximas do melhor que condição humana possa expressar em verso e prosa, em teoria e prática, em cotidiano e futuro, no hoje e no amanhã.

Esta sustentabilidade se revela como novo, no âmbito de aspectos que possam traduzir um salto qualitativo do fazer anterior. Este fazer anterior, marcado e repleto de individualismo, de isolamento, de fragmentação, de alienação, de competição. Por um fazer repleto de coletivo, de unidade, de cooperação, de solidariedade, de busca conjunta. Busca esta que priorize a participação e o envolvimento de todos numa compreensão do tempo, espaço e necessidades para enfrentar os desafios e entraves do presente tendo em vista um futuro necessário e possível.

A sustentabilidade deve ser entendida como um ideal de vida que compatibilize economia e ecologia numa mesma equação. Com políticas públicas sérias, transparentes e bem formuladas, que tenha continuidade e, sobretudo, aceitação, respaldo e legitimidade junto às populações. Buscar a sustentabilidade implica em vivenciar este momento de inquietação aberto às novas formulações e busca de resolver alguns dos grandes desafios globais e, sobretudo, local. Essas mudanças num contexto de sustentabilidade visam o propósito de melhoria das condições da qualidade de vida, do bem viver. Somente com um envolvimento participativo resultará na promoção de um modelo ambientalmente equilibrado e social e economicamente equitativo. Que atenda os limites ambientais e contemple as inúmeras faces, como sua dimensão econômica, social, política e cultural.

Priorizar a sustentabilidade é antever que podemos e queremos mudar, pois entendemos que queremos realizar as mudanças para transformar a trilha, nos próximos tempos, segura, equilibrada, com uma razão sensível e cuidadosa para garantir a continuidade de nossa espécie nas próximas décadas. Não falamos de um caminho fácil, pois há muitos que pensam contrários a isso, mas será um caminho de recusas, de escassez, de reaproveitamento, de buscas alternativas de alimentos, energia, água, ar e terra. Disto nos referimos a um modelo eco cidadão que, no percurso, provoque mudanças de valores, atitudes e comportamentos para gerar novas formas de sociabilidade e cidadania. Ser sustentável implica em seguir um mapa que incorpore a ciência e a tecnologia responsável e com qualidade para apontar a felicidade, e nisso há um diálogo franco, aberto com o futuro. Do fosso que nos encontramos, não há muitas possibilidades, esta é uma das que se apresentam. Que procure integrar toda a teia da vida, de forma, equilibrada, decente e prudente. Que reconheça que somos humos, terra fértil, que corresponde ao sentido mais profundo de nossa condição humana. Uma terra fértil que faz brotar árvores, flores e o canto dos pássaros que colorem a vida com toda sua exuberância.

E,finalmente, que não permita jamais esquecer que terra e humanidade possuem a mesma origem e o mesmo destino. Em síntese, que só temos o direito de fazer coisas belas, e, para tanto, incorporar as melhores experiências e tendências, dispersas e isoladas, na nova forma de construir o processo civilizatório, que comece e se instale pelas cidades e pelos campos, pelo rural e pelo urbano.

PAULO BASSANI é sociólogo e professor da Universidade Estadual de Londrina

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