Outubro é o mês da criança e, para além dos apelos consumistas da data, é uma boa época para refletir sobre como estamos tratando as nossas crianças. Nas escolas, a educação precisa valorizar cada vez mais a importância do brincar. Afinal, é através da brincadeira que se desenvolvem aspectos cognitivos, sociais, emocionais e físicos que perdurarão por toda a vida.

A representação da realidade, a imaginação e a fantasia preparam para enfrentar as questões reais da vida adulta de forma muito mais efetiva. A brincadeira deve ser ensinada, pois as crianças não nascem sabendo brincar. Cabe à escola disponibilizar tempo e recursos mínimos para que ocorra de forma prazerosa e verdadeira: espaços apropriados, brinquedos simples, outras crianças e o estímulo e mediação dos adultos

O aprendizado consistente e concreto, entre as crianças, ocorre através da brincadeira. Aprender sobre os números ou letras através de parlendas, cantigas de roda, jogos de tabuleiro ou ao ar livre, em um ambiente de faz de conta, cria conceitos concretos que serão úteis por toda a trajetória de cada ser humano.

A criatividade é outro fator a ser estimulado, seja através da contação de histórias, das artes e da representação da realidade. Quando as crianças brincam de bombeiro, de princesa ou de dragão, por exemplo, desenvolvem representações muito úteis para entender o mundo e futuramente interagir com ele de forma mais harmônica. Com isso, se tornam pessoas mais flexíveis.

Ao testar hipóteses e satisfazer a curiosidade sobre o mundo que os cerca, meninos e meninas desenvolvem senso crítico e raciocinam sobre o mundo mais facilmente. A abstração inerente ao aprendizado se torna muito mais fácil através da experimentação que a brincadeira proporciona. Ao instigar a construção de pensamentos próprios, as brincadeiras preparam para os caminhos mais difíceis do aprendizado futuro. A criança aprende a pensar como um investigador, a levantar questões a serem respondidas.

Realidade consolidada na infância contemporânea, os dispositivos eletrônicos, em alguns momentos, consomem um tempo importante das crianças, que precisam de momentos livres para brincar no quintal, na praça, com outras crianças ou com cuidadores. Nesses ambientes, não cabem tablets ou celulares. Interagir com as pessoas, brincar, correr e fantasiar são atividades divertidas, prazerosas e que podem ser determinantes para o futuro.
A escola deve propiciar a aprendizado através da brincadeira, estimulando a experimentação e o senso crítico. O estímulo à criatividade, à interpretação e à autonomia ajudam a sedimentar o caminho para um adulto capaz de constantemente aprender.

ANDREA PIZAIA ORNELLAS é diretora de escola em Londrina

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res. Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br