O desconhecido nos leva à inquietude. Aos poucos, vamos dimensionando o espaço desconhecido, ele se familiariza, tornando-se identificável, conhecido, aceitável. Cada aprendizagem carrega um conjunto de elementos definidores de um formato, ao que chamaremos de "pavimentação", sobre um solo pantanoso. As aprendizagens individuais e coletivas se compõem sobre o pavimento com texturas, referências que apontam o caminho a percorrer, o quanto ainda há para percorrer e o que será necessário realizar para garantir um percurso com segurança. O caminho desconhecido surpreende. Em cada lado deste pavimento veem-se ocultadas algumas experiências que se perdem, outras que se somam. As evidências e ocultações revelam alguns dos elementos da tensão do mundo moderno, em sua contemporaneidade, luz e escuridão que apenas evidenciam a complexidade ao cruzá-lo.

O nada da escuridão se mescla à luz de faróis que cegam pelo brilho que emitem, nisto atrofia, distorce e dificulta uma maior lucidez. Uma situação paradoxal entre os avanços e os recuos que fará parte desta jornada. Portanto, faz-se necessário entender como, quando e por onde avançar, isso torna o pensar um ato criativo e necessário de imaginação permanente, e a essência deste pensar fecunda intuindo à textura emergente perguntas e respostas até então desconhecidas.

De outra parte, este enunciado destrói, uma a uma, todas as concepções materiais e culturais anteriores. Concepções que impedem manifestações de um novo perfil em suas dimensões objetivas e subjetivas. Os elementos anteriores que surgem nas mentes e no fazer cotidiano começam a desmoronar, emitindo sinais de fraqueza, carga ilusória que o estado de consciência crítica começa a entender, como percepção de que este lugar não é o seu lugar, seu lugar é no passado, não há lugar no futuro.

Esse formato necessita de muito trabalho teórico, do pensar em encontrar formas de desconstruir a cultura do capitalismo, esta na alta modernidade, contém muita mais força do que a materialidade que a crio. Esta hoje se encontra na derme e na epiderme dos indivíduos, dita sua conduta cotidiana com a lógica que destrói a capacidade critica de pensar fora dela. Uma cultura que poderia definir seus eixos básicos acentuam-se em quatro aspectos: dinheiro, poder, fama e consumo.

O dinheiro parece ser o fundamento da busca humana, pelo trabalho e, sobretudo, pelas formas "não legais" que permeiam a sociedade; o poder que o dinheiro possibilita para dominar, submeter, comprar e demonstrar ás outras pessoas que não têm dinheiro e nem poder. A fama, pois numa era da informação quem não estiver em cena e não puder demonstra seu "sucesso" aos outros, parece não ter sentido algum, somente há sentido e valor quando demonstrar admiração e ou cobiça. O consumo é o fundamentalismo da modernidade, você não existe, não pode existir e ser feliz sem o consumo, sua "cidadania", nesta lógica mede-se pelo consumo.

Esse tempo experimental, no exercício da clarividência, levanta inúmeras questões, conjunto de suposições que possibilitam identificar outro modo de ser, pensar, produzir, consumir. Com intensidades e formato diversos ao anterior em seus variados aspectos. Assim, a forma sustentável, conceito provisório, apresenta-se como um enunciado.

Igualmente, no percurso, todos se transformam, de uma forma ou de outra, em aprendizes das transformações necessárias para que o futuro se instale. Isso significa motivar a apreender a empreender de forma sustentável, continuada, permanente. Empreender e preservar a vida humana, patrimônio único e raro, e o patrimônio natural da biodiversidade que garante o pulsar da vida.

PAULO BASSANI é sociólogo e professor da UEL

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res. Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br