Imagem ilustrativa da imagem Folia de Reis



Assim que terminava a Festa do Natal, já se ouvia falar na folia de Reis, também conhecida, em muitos locais, como Reisada. Associada às devoções da Igreja Católica que celebra, no dia 6 de janeiro ou no domingo correspondente a Festa da Epifania ou Manifestação do Senhor, ou Dia de Reis. Uma linda e singela tradição que lembra a visita dos três reis magos Gaspar, Baltazar e Belchior ao Menino Jesus, e lembra também que o Menino Deus veio, não somente para o povo judeu, mas para todas as nações do universo.

Hoje ainda existem as companhias que tentam manter essa tradição folclórica e, ao mesmo tempo, religiosa e popular. Interessante que as pessoas se animam, têm as músicas próprias, os Embaixadores, que conduzem a Folia, os Bastiões ou Palhaços, os que simplesmente acompanham, os cantores, os tocadores de zabumba e de pandeiro e de todos os sons animados possíveis, como sanfona, violão. Muita cor, muitas fitas, rezas, poesias, declamações. As vozes fininhas que fazem a parte mais arrastada: aaaii, ai.......

A passagem da Folia movimentava e alegrava as pessoas, principalmente na zona rural, nos sítios e fazendas porque quebrava a monotonia e era sempre uma novidade. Minha mãe e meus avós falavam para nós que era bom acolher a Folia de Reis em casa porque ela trazia bênçãos. As crianças ficavam com um pouco de medo, no início, mas depois, curiosas, achavam engraçado, gostavam de ver a simplicidade e o colorido das roupas dos foliões. Quando a Folia passava pela rua, a gente aceitava a visita abrindo as portas para que entrasse. A Bandeira do Divino vinha na frente, os palhaços dançavam e cantavam músicas com letras bem sincréticas, entre elas a que falava do Cálice Bento e da Hóstia consagrada.

Lembro-me que lá nas Graças havia a Folia de Reis e o Embaixador era um tal de Zé das Botas. Eles iam arrecadando uns trocos, leitoas e mantimentos para, ao final, fazerem uma festa. Aqui em Londrina também vi as Folias passando pelas casas, apesar de decadentes em suas manifestações frente às modernidades que foram ocupando o lugar do que antes era uma diversão e até uma expressão de alegria do povo simples que só tinha uma linguagem: festejar o nascimento de Jesus e sua manifestação ao mundo, da maneira alegre tal qual era a vida daquela época.

Estela Maria Frederico Ferreira, leitora da FOLHA