"Despedida em Alto Estilo" traz o drama dos idosos, sempre vistos como inúteis para a sociedade
"Despedida em Alto Estilo" traz o drama dos idosos, sempre vistos como inúteis para a sociedade | Foto: Fotos: Divulgação


Michael Caine, 84; Alan Arkin, 83 e Morgan Freeman, 79. Como coadjuvantes de luxo, Christopher Lloyd, 78, e Ann Margret, 75. Esse afinado time de veteranos transita com desenvoltura e graça em "Despedida em Grande Estilo", aquilo que ficou conhecido como comédia geriátrica, na qual já apareceram Robert De Niro e Al Pacino. Infelizmente o exibidor aposentou o filme antes do tempo, e para quem quiser o resgate restam agora as fontes alternativas.

São evidentes aqui os lugares comuns da autoparódia e os limites criativos do subgênero. Mas a história se torna plenamente defensável porque a fórmula funciona muito melhor do que em produtos recentes como "Última Viagem a Vegas" ou "Amigos Inseparáveis". Não que seja um achado de virtudes e surpresas, mas é bem desfrutável esta comédia sobre um idoso (Michael Caine) de quem é tirada a aposentadoria por abuso de uma corporação, e que também está a ponto de perder sua casa por fraude do banco. Ele convence seus melhores amigos (Arkin e Freeman) a reaver o prejuízo de todos eles assaltando uma agência do mesmo banco. E é esta providência que não apenas provoca no público imediata identificação como vem narrada com leveza e senso de humor.

Morgan Freeman,Michael Caine e Alan Arkin: trio de veteranos está numa produção homônima a um filme de 1979, agora com mais humor e graça
Morgan Freeman,Michael Caine e Alan Arkin: trio de veteranos está numa produção homônima a um filme de 1979, agora com mais humor e graça
"Despedida em Alto Estilo" é refilmagem de produção homônima de 1979, que deu ao trio de intérpretes (Art Carney, Lee Strasberg e George Burns) o prêmio de melhores atores do Festival de Veneza de 1980. A diferença principal entre a versão de agora e aquela dirigida por Martin Brest ("Perfume de Mulher") é a inclusão do drama paralelo à comédia na primeira versão, enquanto que agora o filme está voltado inteiramente ao humor. Mas o fator triste que permeia os dois enfoques (quase 40 anos separam os filmes) é que muito pouco mudou em relação a estes indivíduos mais velhos, ontem como hoje vistos como inúteis para a sociedade. Na versão 2017, o diretor Zach Braff dedica mais tempo à preparação do golpe do que a detalhar a fraternidade. Há um olhar duro sobre a questão dos seguros sociais, as instituições bancárias, o desemprego e certo descredito sobre o sonho americano. Mas nada excessivamente duro a ponto de roubar o prazer lúdico que é acompanhar esta divertida aventura. O trio histriônico parece ter se divertido muito durante as filmagens, e isto se percebe nitidamente na tela – com suas vidas e com seus corpos.