"Fraturei a sexta vértebra e o quadril; perdi o meu carro e vou ficar três meses sem poder colocar o pé no chão", lamenta Alexsandro Siqueira da Silva
"Fraturei a sexta vértebra e o quadril; perdi o meu carro e vou ficar três meses sem poder colocar o pé no chão", lamenta Alexsandro Siqueira da Silva | Foto: Fábio Alcover



O trânsito brasileiro é um dos mais violentos do mundo, com uma taxa de 23,4 mortes por 100 mil habitantes, segundo a Organização Mundial de Saúde. O país que lidera o ranking é República da África Central, com um índice de 32,4%, seguido de República Dominicana (29,3%). Dados da Secretaria de Estado da Saúde mostram que acidentes de trânsito em 2016 resultaram em 2.692 mortes. No mesmo período, o Detran-PR aponta que 61,2 mil veículos se envolveram em ocorrências com vítimas. Além disso, foram registradas 9.306 internações na rede pública de saúde, decorrentes de acidentes. O custo dessas internações ultrapassou R$ 12,7 milhões. Os índices são referentes à primeira entrada no hospital e não consideram necessidades futuras, como próteses ou tratamentos prolongados.

Alexsandro Siqueira da Silva, de 40 anos, é uma das vítimas do trânsito em Londrina. Ele está internado desde o dia 1 de maio no Hospital Universitário, após sofrer um acidente na Avenida Dez de Dezembro, na zona sul. Segundo ele, um motorista, que estava em alta velocidade, atingiu a traseira do seu carro. "Fraturei a sexta vértebra e o quadril. Perdi o meu carro, que era financiado e estava sem seguro, porque eu estava trocando de seguradora. Vou ficar três meses sem poder colocar o pé no chão e mais seis meses com colar cervical. Vai provocar um estrago financeiro enorme na minha vida. Sou autônomo e não posso receber ajuda do INSS, então fica complicado", lamenta.

Ele afirma que agora terá que se desdobrar para arcar com todo esse prejuízo, avaliado em mais de R$ 40 mil. "Assim como eu quase morri, outras pessoas inocentes também podem passar por isso. Não sei como vou fazer. Agora é confiar em Deus. Sou evangélico e bola para a frente", aponta.

Outro paciente do HU é um adolescente de 17 anos que, na terça-feira (9), estava de bicicleta quando foi atingido por um carro. "O motorista bateu em mim e fugiu. Se ele tivesse me socorrido eu poderia estar um pouco melhor", lamenta, explicando que teve fraturas no rosto. "A família está em choque. Ele corre riscos ainda, porque ele se machucou muito. A face terá que ser refeita, vai ter que operar a perna e os braços", afirma a tia do jovem. "As pessoas precisam ter consciência de ajudar quando acontecer um acidente. Não tem revolta maior para a família saber que a pessoa ficou estirada na rua sem socorro."

"Por causa de alguns segundos de distração, toda a vida da pessoa é alterada. Isso gera um custo social que é muito maior do que o custo médico. Quanto vale a vida de uma pessoa que se acidenta e não consegue mais exercer sua profissão?", questiona o diretor de política de urgência e emergência da Sesa, Vinicius Filipak.