As denúncias de violações contra meninas e meninos no Paraná cresceram 47% de janeiro a abril de 2013, em comparação com o mesmo período de 2012. Os dados são do Disque 100, mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), e incluem situações como negligência, violência psicológica, violência física e violência sexual.
Nos primeiros quatro meses do ano, o serviço recebeu 2.146 relatos relacionados à população infanto-juvenil do Estado, o que significa 726 para cada 1 milhão de habitantes. No Brasil foram 46.111 denúncias, aumento de 35% em relação ao quadrimestre anterior. Das ocorrências registradas no Paraná, 162 (7,54%) eram de exploração sexual e 476 (22,18%) de abuso sexual. O Estado ocupa a sexta e a sétima colocação, respectivamente, no registro desse tipo de crime.
"Por mais que seja mais evidente nas capitais do Nordeste, infelizmente a exploração sexual ocorre em todos os lugares. E talvez o fato de aqui no Paraná não ser tão visível, faz as pessoas terem a percepção de que nada precisaria ser feito a respeito. Precisa, e inclusive na perspectiva da prevenção", afirma o promotor de Justiça Murillo José Digiácomo.
Segundo a SDH, o número de denúncias não se refere necessariamente à incidência da violência, pois são contabilizados somente os registros das pessoas que buscaram ajuda por meio do Disque 100. As ocorrências, que podem ser notificadas 24 horas por dia, inclusive em fins de semana e feriados, são examinadas e encaminhadas para as redes de atendimento, proteção e responsabilização.
A assistente social Alexandra Alves, representante do Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA/PR) em Londrina, lembra que, para cada caso denunciado, existem milhares de outros que não são. "Como a vítima muitas vezes tem medo de denunciar, a violência sexual não aparece; fica camuflada. A nossa proposta, tanto do conselho de direitos de Londrina como do Fórum, é justamente propagar que existe uma forma de fazer a denúncia e uma rede articulada para atender a esse tipo de situação".

Mobilização
Na semana do 18 de Maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, atividades e ações de sensibilização são realizadas em todo o País, como forma de alertar a sociedade sobre a importância de combater o problema.
A data é lembrada anualmente desde 1973, quando a menina Araceli Cabrera Sanches, de oito anos, foi violentada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. O crime até hoje permanece impune.
No Paraná, entidades do governo e da sociedade civil organizada assinaram uma carta de compromisso, durante audiência pública realizada na quarta-feira, na Assembleia Legislativa (Alep), em Curitiba, se comprometendo a desenvolver atividades preventivas. A principal preocupação é quanto ao possível aumento dos casos durante a realização da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014. A reunião foi proposta pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alep e pelo Fórum DCA/PR.
A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA/PR), Marcia Tavares, informa que o órgão, responsável pela deliberação das políticas públicas relacionadas à área da infância e juventude no Estado, está concluindo seu planejamento para os próximos dez anos, em que serão abordadas também questões como os grandes eventos esportivos.
Alexandra diz que, mesmo Londrina não sendo uma das cidades-sede, também deve se mobilizar. "Sabemos que todo mundo para em época de jogo. Então estamos nos antecipando e verificando quais estratégias tomar para atender a essas crianças".

Imagem ilustrativa da imagem VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS - Denúncias crescem 47% no Paraná