Curitiba

Kraw PenasImpunidadeMaria Antonieta, diretora de escola: ‘‘Como só temos apenas um inspetor, dificilmente conseguimos identificar os responsáveis por estes atos’’O uso de bombas de fabricação caseira, pichações e quebradeiras nas salas de aula estão tornando as escolas da rede pública reféns da violência dos próprios alunos. Em algumas escolas da Região Metropolitana, as aulas precisam ser interrompidas quase diariamente com ameaças de explosivos espalhados pelo colégio. O problema, que fez crescer o número de queixas junto à Ouvidoria da Secretaria Estadual de Educação, vem aumentando com a falta de funcionários e com a inexistência de punições mais severas.
Na Escola Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco, em Pinhais, um grupo de alunos chegou a colocar fogo em uma das salas na semana passada. Durante o mesmo período, sete bombas - feitas com uma mistura de coca-cola e cal virgem - foram detonadas dentro da escola. ‘‘Como só temos apenas um inspetor para vistoriar todo o colégio, dificilmente conseguimos identificar os responsáveis por estes atos’’, afirma a diretora, Maria Antonieta Manfre. Pelo disposto em lei, as escolas devem ter, no mínimo, um funcionário para cuidar do pátio e outro para vistoriar os corredores.

Leandro TaquesEscola Humberto de Alencar Castelo Branco, em Pinhais: vandalismoEm outra escola da Região Metropolitana, em Colombo, as ameaças de bomba chegam por telefone e obrigam as professoras a dispensar todos os estudantes. ‘‘Este tipo de coisa sempre existiu, mas agora os alunos estão mais violentos’’, conta a diretora da Escola Estadual Alfredo Chaves, Célia Santos Borges, que várias vezes já encontrou explosivos escondidos no banheiro. Para a diretora, a solução do problema seria a punição dos alunos. ‘‘A Polícia vem até aqui para retirar as bombas e sabe que não vai poder fazer nada’’, lamenta.
Para o ouvidor da Secretaria Estadual da Educação, Laureni Teixeira, o vandalismo estudantil não tem soluções fáceis. ‘‘Sabemos que o problema está cada vez mais grave, mas estamos de mãos atadas’’, afirma. Os estudantes menores de idade são protegidos por lei e não podem ser expulsos da sala. ‘‘A única coisa que nos resta é pedir a transferência do aluno, o que dificilmente resolve alguma coisa’’, reconhece.
Em escolas mais tradicionais, como o Colégio Estadual Rio Branco, de Curitiba, a direção tenta responsabilizar os pais pela depradação cometida pelos alunos, convencendo-os a pagar os custos de recuperação da escola. A estratégia nem sempre funciona. Há alguns meses, um grupo de estudantes arrancou todos os vasos sanitários dos banheiros do colégio. Os autores da quebradeira não foram identificados.