Londrina
A Justiça de Cambé começou a ouvir as testemunhas arroladas pela acusação no processo sobre a morte do agricultor russo Kusma Ovchinnikov, 36 anos, e do filho dele, Sava, de dois anos, em 26 de junho deste ano. Compareceram ao Fórum ontem à tarde o frentista Ademir Prestes, funcionário do posto Gran Via (avenida Tiradentes), e o comerciante Otávio Pereira Brito, dono do restaurante que funciona no mesmo posto. O corretor de automóveis Paulo Alves Ferreira também foi convocado, mas até às 17 horas não tinha comparecido.
Além da juíza da Vara Criminal de Cambé, Silvia Maria Gomes Testa de Oliveira, também participaram da audiência o promotor Leonildo de Souza Grota e advogados da defesa. Durante os depoimentos, os réus Divino Aparecido de Lima, o Maringá, e Jairton da Silva Aleixo, presos por acusação de participação no crime, permaneceram no tribunal.
No dia do crime, Kusma - acompanhado da esposa e do filho - teria ido até o posto Gran Via, no veículo Corsa da família, para conhecer o caminhão Mercedes Benz, ano 94, que estaria sendo vendido pelo motorista da Polícia Civil de Londrina, Jovacir Pereira Júnior. A família carregava R$ 15 mil, como parte do negócio intermediado por Jairton. Em determinado momento, Jairton se afastou, dizendo que ia pedir as chaves do caminhão, e apareceram Divino Aparecido e José Aparecido de Castro, o Reis, que deram voz de assalto e levaram o agricultor e a família no Corsa. No caminho, Kusma teria reagido. Ele e o filho foram mortos. Os assaltantes fugiram com o dinheiro.
Até o começo da noite, o depoimento de Otávio Brito ainda não tinha terminado. Na quarta-feira passada, também foram ouvidos Evdokia Ovchi, viúva de Kusma; Lorival Neves dos Santos, corretor de automóveis que teria apresentado o russo a Jairton; e Edmar Aparecido Teodoro, que apontou à polícia onde estava a arma que matou Kusma e o filho.
Para o promotor Leonildo de Souza Grota, o depoimento de Edmar é até agora o mais importante: ele disse que presenciou o encontro entre Jairton, Maringá, Reis e Vagalume no jardim Nossa Senhora da Paz (zona oeste de Londrina), pouco antes dos três saírem para assaltar o russo. Os dois últimos têm prisão preventiva decretada e estão foragidos.
No depoimento de ontem, o frentista Ademir Prestes confirmou que viu o Corsa de Kusma chegando ao posto no dia do crime, entre 20 e 21 horas, e estacionando ao lado do caminhão. Depois, disse, observou um terceiro veículo, parado entre o caminhão e o Corsa, mas não soube precisar qual a marca do automóvel. ‘‘Era um carro de passeio.’’ Os dois carros saíram do local sem que o frentista percebesse.
Ainda segundo Prestes, o motorista da Polícia Civil Jovacir Pereira Júnior esteve no posto entre 19 e 20 horas, quando abasteceu uma motocicleta. Jairton declarou que Jovacir propôs a ele aplicar no russo o ‘‘golpe do chute’’: depois que o negócio fosse fechado e Kusma já estivesse em posse do caminhão, o motorista apareceria como policial e tomaria o veículo de volta, alegando alguma irregularidade. Maringá, Reis, Jovacir, Jairton e Vanderlei Soares, o Vagalume (que teria contratado Reis e Maringá), foram denunciados pelo Ministério Público por participação no crime.
Além de Paulo Ferreira, que não compareceu ontem ao Fórum, a Justiça ainda pretende ouvir nesta fase do processo o investigador Luis Carlos Xavier, que está trabalhando em Guaíra (Noroeste do Estado); e Dálio Schell e Migdonio Pereira, os dois de Palmeira (Sul do Estado) e amigos dos Ovchinnikov.