Campo Mourão - Lecionar sempre foi a paixão da vida da professora Juliana (nome fictício), que faz parte do quadro da rede municipal de Campo Mourão (Noroeste). A carreira ia bem até o ano passado, quando veio o grande susto. Diagnosticada com Síndrome de Burnout, conhecida como a doença do esgotamento profissional, teve que parar para se tratar.
O quadro de Juliana é cada vez mais comum entre professores em todo o Brasil. Relatório do Ministério do Trabalho e da Previdência Social de 2015 mostra que transtornos mentais estão entre os quatro principais motivos para conceder benefícios previdenciários no País.

Em Campo Mourão, um trabalho preventivo de saúde mental foi idealizado depois que um levantamento realizado pelo Programa Saúde do Servidor detectou que 34% dos 900 professores da rede municipal apresentaram risco de desenvolver doença mental.

O programa foi iniciado em agosto com a primeira turma, da qual Juliana é uma das integrantes. Estão previstos oito encontros semanais de 50 minutos para trabalhar temas relacionados ao ambiente de trabalho, relacionamento interpessoal, comunicação, autoimagem, autoestima e feedback. "Observamos que estava crescendo muito o número de afastamentos por adoecimento mental em relação aos professores. E aí veio a ideia de fazer uma pesquisa, com intenção de ter uma noção mais ampla, por que tinha muitos (atestados) que nem chegavam a nós", observa a coordenadora do programa, Tânia Mara da Silva Backschat.

As doenças mentais são a segunda maior causa de afastamentos da Prefeitura de Campo Mourão, atrás apenas das lesões osteomusculares, com prevalência nos servidores da Educação. Daí a necessidade de realizar um trabalho de prevenção.

Para a secretária de Educação de Campo Mourão, Karla Tureck, o programa ajuda a prevenir problemas com as doenças. "O professor não é como um pneu de carro, que quando fura tem sempre um estepe. Trabalhamos com o quadro enxuto e teríamos que buscar uma solução para reverter esse quadro", destaca, garantindo que outras medidas estão em andamento para evitar que mais professores adoeçam.