"Após uma certa idade as pessoas precisam de certos privilégios", afirma Edgar Baer
"Após uma certa idade as pessoas precisam de certos privilégios", afirma Edgar Baer | Foto: Saulo Ohara


O advogado aposentado Edgar Baer é cuidadoso na realização de todos os exames preventivos. Apesar de pagar um plano de saúde e contar com a Caixa de Assistência da OAB, ele utiliza há mais de 20 anos os serviços da Unidade Básica de Saúde (UBS) do parque Alvorada (zona oeste de Londrina), próximo ao Jardim Shangri-lá, onde mora. Aos 84 anos, Baer tem ótima saúde física e mental, mas reconhece que depois dos 80 anos de idade há um desgaste físico natural e em razão desse desgaste, o atendimento preferencial nos serviços de saúde é necessário. "Após uma certa idade as pessoas precisam de certos privilégios", disse, se referindo ao projeto de lei aprovado no Senado Federal e que reconhece prioridade em processos judiciais e em atendimentos de saúde para pessoas acima de 80 anos em relação aos demais idosos.

Recentemente, contou, a esposa dele, Maria José, 82, passou mal e procurou a Unidade de Pronto-Atendimento do Jardim Sabará (zona oeste), onde teve atendimento prioritário por ser idosa. "Havia um monte de gente lá, mas em 20 minutos ela estava sendo atendida. Foi feita a triagem e os funcionários não permitiram que ela saísse sem o atendimento devido. Passou a noite na UPA e na manhã seguinte, às 7h30, quando voltei para lá, o médico estava chegando ao pé da cama dela perguntando como ela estava", elogiou Baer.

A prioridade aos octogenários no julgamento de processos judiciais, afirma Baer, também é fundamental. "Para o idoso, o tempo para a frente é menor. Para uma pessoa jovem, um processo pode demorar dez anos para ser julgado. Para uma pessoa de 80 anos, com dez anos para julgar um processo, talvez ele não chegue aos 85 anos. A questão é equacionar", analisou. "Hoje, mais pessoas chegam aos 80 anos e é necessário um cuidado maior com quem tem 80 anos. A idade chega para todo mundo."

Baer ressalta, no entanto, ser a favor da preferência e não da exclusividade para idosos e diz que já chegou a discutir e dar voz de prisão a um gerente de banco que não respeitou seus direitos, recusando-se a oferecer a ele o atendimento preferencial, como determina a lei. O caso aconteceu há alguns anos, em São Paulo. "Tinha que descontar um cheque para vir embora para Londrina e fui a uma agência na Casa Verde. Como a fila estava muito grande, entrei na frente por ser idoso, mas havia atrás de mim um homem que deveria ser um cliente de interesse do banco, e queriam atendê-lo antes de mim. Tive que tomar os meus direitos e dei voz de prisão para o gerente", contou Baer.