Curitiba - Perto de 22 mil cães de Curitiba deverão ser cadastrados e ter microchips implantados para melhor controle da população. Essa deverá ser uma das primeiras ações práticas da Rede de Defesa e Proteção Animal da Cidade de Curitiba, cujo projeto foi apresentado ontem. A iniciativa é uma parceria entre o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), Departamento de Zoológico e do Sindicato dos Zootecnistas do Estado do Paraná (Sinzoopar) e pretende envolver poder público, universidades e organizações não-governamentais (Ong's).
''Com essa informação, poderemos planejar as próximas ações'', afirmou o diretor do Departamento de Zoológico de Curitiba, zootecnista Marcos Elias Traad da Silva, referindo-se ao cadastramento dos animais. Segundo ele, deverão ser cadastrados tanto os animais que vivem nas ruas, quanto os que são cuidados por famílias.
A estimativa é de que, atualmente, exista um cachorro para cada quatro habitantes, na Capital. A proposta principal da rede é sensibilizar a comunidade em relação ao bem-estar e guarda responsável dos cães e incentivar a adoção. A esterilização dos animais também será estimulada para evitar a reprodução descontrolada dos cães, que acaba gerando o abandono de filhotes nas ruas. O projeto prevê, ainda, a organização de feiras e comércio de animais.
Os mentores da iniciativa entendem que o envolvimento do poder público é fundamental para a criação de políticas públicas, que garantam o bem-estar dos animais. Em Curitiba, essa preocupação começou a ser debatida no governo municipal, há quatro anos, e resultou na extinção do extermínio em massa de cães pela chamada carrocinha. A medida foi acompanhada pela proibição do uso de animais nos circos, do uso de cães de alguel para guarda e organização de conselhos de defesa dos animais.
Todas essas iniciativas, mesmo que válidas, não resolvem por completo o problema. ''A sociedade está clamando por políticas públicas (em defesa dos animais), ela está sensibilizada. A legislação avançou muito, mas é pouco ainda'', afirma a presidente do Conselho Municipal de Proteção Animal (Comupe), Tosca Zamboni.
Guarda responsável
A coordenadora do Laboratório de Bem-Estar Animal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carla Molento, afirma que as ações de guarda responsável e bem-estar aos animais devem ser promovidas por toda a comunidade. Para ela, um dos principais benefícios com os cuidados aos cães é o controle de doenças transmitidas e o controle populacional.
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Mesmo nos casos em que os cachorros moram na rua, o bem-estar pode ser garantido. A sugestão da veterinária é que toda comunidade local adote um cão abandonado, conjuntamente. Em muitos casos, os cães que estão nas ruas têm donos. Para Carla, os criadores devem ser mais cuidadosos e evitar que seus animais tenham acesso irrestrito à rua. E, em caso de contato com outros animais de rua, devem ter a preocupação de esterilizá-los.