Francisco Beltrão - As detentas da Cadeia Pública de Francisco Beltrão (Sudoeste), tanto as que aguardam sentença quanto as já condenadas, são beneficiadas pelo projeto-piloto da Defensoria Pública do Paraná. A cada duas semanas, a equipe multidisciplinar da unidade de Francisco Beltrão vai à cadeia para levar livros e promover o diálogo com as presas.

"O objetivo é proporcionar a continuidade do desenvolvimento dessa população, apesar da reclusão, e possibilitar ainda a escuta e o manejo de questões urgentes nesse ambiente, tais como família, filhos, saúde e futuro", explica a psicóloga Delair Spezia Pandolfo, responsável pela iniciativa juntamente com o psicólogo João Paulo Howeler. Segundo eles, o projeto tem ajudado a diminuir a tensão dentro da Cadeia.

DOAÇÕES
Os livros emprestados às presas são provenientes de doações de entidades religiosas, centros universitários, editoras, empresas e pessoas físicas. Desde novembro de 2016, a equipe da Defensoria vem trabalhando na ideia. Primeiramente, as internas foram ouvidas para saber que tipos de livros elas gostariam de ter acesso. Depois, iniciou-se um processo de sensibilização das instituições para a doação do material. Os temas variam: tem livro com temática religiosa, material didático, revista, romance, best-seller e até de conteúdo profissionalizante. Funciona como uma biblioteca, na qual a pessoa empresta um título, lê e devolve.

"Além do compartilhamento dos livros, vamos à cadeia a cada 15 ou 20 dias, nos reunimos com as mulheres e fazemos a troca dos livros. Uma vez que elas escolhem o que pretendem ler, nesse período fazem a leitura e no próximo encontro temos a oportunidade de ouvi-las quanto às suas experiências de leitura", explica Delair. Segundo ela, durante essas reuniões, abre-se espaço ainda para que elas tragam temáticas do seu interesse, para que sejam desenvolvidas na conversa. "No último encontro, por exemplo, elas abordaram suas dificuldades com as relações interpessoais. Na próxima reunião, então, vamos conversar com sobre isso", acrescenta a psicóloga.

O número de detentas na cadeia é variável, mas normalmente gira em torno de uma dúzia. Em março, a equipe da Defensoria discutirá com a direção da unidade carcerária uma ampliação do projeto. O objetivo de levar a iniciativa também para a ala masculina, que é bem maior e está superlotada.