Moradores do espaço formado por cerca de 500 chácaras afirmam que os casos de violência têm aumentado desde 2016
Moradores do espaço formado por cerca de 500 chácaras afirmam que os casos de violência têm aumentado desde 2016 | Foto: Fotos: Gina Mardones



Donos de propriedades rurais na Fazenda Nata, no Limoeiro (zona leste de Londrina), decidiram se unir para aumentar a segurança na região. Em assembleias, a comunidade discute medidas que podem ser adotadas pelos próprios moradores para contribuir com os órgãos de segurança dentro do que eles chamam de "governança comunitária". Segundo eles, desde em 2016 têm aumentado os casos de violência registrados na Estrada do Limoeiro e na área da Fazenda Nata, onde há cerca de 500 chácaras, fazendo crescer também o medo e a sensação de insegurança entre a população daquela localidade.

"Do ano passado para cá começou a aparecer um pessoal estranho por aqui. Eles entram nos quintais e roubam carros, levam roçadeiras, cortadores de grama, o que tiver. Pessoas já foram assaltadas aqui nesse portal (na entrada da Fazenda Nata)", disse a professora aposentada Célia Martinelli Echs, que há cinco anos vive na Fazenda Nata. "Tem muitas pessoas com problemas de drogas circulando por aqui", comentou ela.

Um dos casos de violência mais recentes foi registrado na chácara de um casal, no último domingo de Páscoa. Eram perto das 22 horas quando marido e mulher voltavam da igreja de carona com a filha. Ao se aproximarem da entrada da casa, notaram a presença de um homem desconhecido. "Demos a volta no quarteirão. Quando voltamos, perdemos ele de vista e entramos em casa com medo. Fui dormir e meu marido ficou acordado. Acordei com meu marido gritando. O ladrão estava no nosso quintal", contou a moradora, que pediu para não ser identificada. "Peguei o telefone e fiz contato com o pessoal da associação (de moradores da Fazenda Nata) e o pessoal começou a avisar a polícia. Também entrei em contato com meu filho que consegue monitorar a distância as imagens das câmeras de segurança instaladas no quintal e ia nos contando o que via."

Adalgisa Vieira da Silva e Janete Teixeira Costa: governança comunitária
Adalgisa Vieira da Silva e Janete Teixeira Costa: governança comunitária



Quatro viaturas da polícia foram deslocadas para a chácara, policiais vasculharam toda a área da propriedade e o entorno, mas não encontraram ninguém e foram embora pouco antes da meia-noite. Cerca de uma hora depois, o homem voltou e os moradores notaram que ele tentava levar o carro. "Ele estava acompanhado de outro homem que já havia arrebentado o portão. Chamamos a polícia de novo. Os policiais voltaram e conseguiram prender um deles. O outro conseguiu fugir", relatou a moradora que, traumatizada, ficou algumas noites sem dormir.

O fato incentivou a Associação do Recanto Fazenda Nata (ARFN) a criar uma Coordenação de Segurança, cujo objetivo é encontrar soluções para coibir a ação de marginais com medidas que podem ser adotadas pelos próprios moradores. "Também vamos buscar ajuda da Polícia Militar e da Guarda Municipal", explicou a coordenadora de Segurança da ARFN, Adalgisa Vieira da Silva, que há 15 anos vive na Fazenda Nata. Uma das queixas da associação é que as viaturas da Patrulha Rural da Polícia Militar não fazem a ronda com frequência. "Eles raramente vêm", disse Adalgisa. "Infelizmente, a paz que a gente tinha aqui está indo embora."

Segundo os moradores, são buscadas atitudes individuais e coletivas, como o projeto Vizinho Solidário.