A Prefeitura de Londrina pretende implementar o transporte via táxi para os deslocamentos dos servidores municipais dentro da cidade. Um edital foi aberto para contratar empresas ou associações que ofertem este serviço, que vai ser demandado via aplicativo. O Executivo londrinense pretende gastar até R$ 768 mil, sendo que o dinheiro vai sair de cada secretaria que vai utilizar estes veículos, a partir de um cálculo médio de quilômetros rodados nos últimos meses de 2022. As propostas podem ser apresentadas até 19 de fevereiro.

O contrato terá duração de dois anos. “A justificativa para (este) prazo encontra-se no fato de que a referida contratação trata-se de um projeto-piloto, sendo que a contratada deverá adaptar seu sistema para atendimento das necessidades do município, dentro das especificações exigidas, diante disso, o prazo de dois anos será mais atrativo para as empresas se interessarem em participar da licitação”, argumentou o município no edital. Londrina tem aproximadamente dez mil servidores públicos municipais.

Durante a formação do certame, chegou-se a cogitar a possibilidade de plataformas de transporte por aplicativo, como Uber e 99, também participarem do pregão eletrônico, entretanto, a ideia foi descartada. Em um documento que a FOLHA teve acesso, servidores da Gerência de Concessões, Parcerias e Inovações apontaram dificuldade de ter a cotação do preço final do quilômetro rodado “tendo em vista a composição de outras taxas e tarifas que são dinâmicas e variáveis”.

A estimativa do município é de que a quantidade total anual a ser utilizada em quilômetros rodados é de pouco mais de 705 mil. “Não serão admitidas quaisquer soluções que não utilizem como medição o preço fixo por quilômetro rodado, como é o caso de tarifa dinâmica e bandeirada”, alerta um item da própria licitação. Ou seja, o valor por quilômetro rodado terá de ser fixado, independentemente de horário ou dia da semana. A planilha de formatação de preço estima que a média do quilômetro rodado seja de R$ 3,72. Hoje, os táxis cobram R$ 4,04, além da bandeirada.

EM ANÁLISE

Secretário do Sindicato dos Taxistas de Londrina, Weygle Barros Pereira afirmou que a entidade ainda está estudando o edital. “Que vamos participar é certeza, mas temos que analisar primeiro a parte jurídica”, destacou. Atualmente são cerca de 380 taxistas que rodam a cidade, distribuídos em duas associações: a Faixa Vermelha, que é a com maior número, e a Faixa Azul.

Segundo Pereira, durante a pandemia de Covid-19 houve uma queda nas corridas em 50%, porém, está sendo observada uma recuperação. “Vai ser positivo (o serviço contratado pela prefeitura), porque sempre vai ter demanda. Um taxista deixa um cliente e já consegue pegar outro. Além disso, haverá um giro interno do dinheiro”, apontou.

REQUISITOS

O sistema que terá de ser oferecido pela contatada deverá dispor de cadastro dos usuários, com indicação da secretaria, diretoria e gerência que estão vinculados, para uso dos serviços por meio de login e senha pessoal; perfis individuais dos usuários com definição dos limites de utilização de cada um; e registro de avaliação dos serviços pelos servidores que funcione como filtro para a exclusão dos futuros atendimentos do condutor reprovado.

Além disso, outra exigência é de que depois de efetuada a solicitação imediata, o atendimento deverá ocorrer no prazo máximo de 15 minutos em, pelo menos, 95% das chamadas realizadas.

PROJETO ANTIGO

De acordo com os próprios taxistas, a sugestão deles transportarem os servidores municipais aconteceu ainda no início da atual administração. “A secretaria municipal de Gestão Pública fez estudo e nos chamou para nos questionar sobre o valor por quilômetro, para ter ideia de custo do serviço. Colaboramos apenas com informações técnicas sobre o serviço”, frisou Keity Rocha, que presidia o sindicato da categoria até o ano passado.

Este serviço já é feito com funcionários do Governo do Estado desde 2019. “O próprio governo apresentou informações de que houve economia. Estamos atendendo os servidores do Estado até hoje e tem sido positivo”, comentou.

CUSTOS COM MANUTENÇÃO

O secretário municipal de Gestão Pública, Fábio Cavazotti, está em férias. A FOLHA procurou o Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina, para ter mais detalhes dos objetivos da licitação e projeções de economia, porém, os questionamentos foram ignorados até a finalização da matéria.

A prefeitura tem cerca de 800 veículos, incluindo maquinários e caminhões. A reportagem apurou que a contratação do táxi é vista pela Gestão Pública como uma forma de economizar recurso público, diante dos custos excessivos com manutenção de carros antigos e com quilometragem alta. O planejamento é de que trajetos como reuniões, formações e eventos sejam feitos com os táxis e não a frota municipal.