O prédio da década de 1960 que já abrigou parte da história de Londrina hoje está ofuscado pelo descaso. A estrutura onde funcionava a escola municipal América Sabino Coimbra, no jardim Paulista, na zona norte da cidade, está completamente abandonada. Os sinais são visíveis por quem passa pelo quarteirão, no “coração” do bairro.

O mato tomou conta da parte interna do terreno. Na calçada, o colonião está tão alto que já encobre o muro. Somado a este problema está o lixo jogado de maneira irregular, que pode servir de criadouro para o mosquito Aedes aegypti, e a depredação, com vidros quebrados e peças furtadas. O imóvel ainda existente, todo de peroba-rosa, foi uma das primeiras escolas da rede municipal construídas e atendia 100 alunos.

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O imóvel foi edificado em 1968 com recursos doados pela Companhia Cacique de Café Solúvel, com o nome da escola homenageando a mãe de Horácio Sabino Coimbra, fundador da indústria.

O espaço foi desativado por falta de segurança estrutural no final de 2017 e a unidade foi transferida para o Residencial Vista Bela, a sete quilômetros de distância. Inicialmente, a América Sabino Coimbra funcionou em dualidade com o colégio estadual e em 2021 ganhou a nova sede própria. Na época da mudança, algumas crianças foram transferidas para a localidade, enquanto que outras acabaram encaminhadas para escolas próximas, sendo que uma é preciso atravessar a BR-369 para chegar.

Mato toma conta do quarteirão onde ficava a escola
Mato toma conta do quarteirão onde ficava a escola | Foto: Pedro Marconi

A camareira aposentada Raquel Morais mora em frente à área descuidada. São quase 66 anos vivendo no Paulista e há cerca de seis tendo que enfrentar os transtornos gerados pelo terreno público. “Tem vindo muito bicho para dentro de casa. São escorpiões, aranhas, pernilongos. Desde quando fecharam a escola aqui a situação é essa. É um descaso com a população”, classificou. “Meus filhos e netos estudaram aí”, acrescentou.

VALOR SENTIMENTAL

Leonor Correa trabalhou por mais de duas décadas na escola como zeladora. Ela se entristece ao comentar o atual estado do lugar. “Dá muita dó ver esse matagal, o prédio detonado. Faz parte da história do bairro”, lamentou. “A prefeitura tinha que tomar uma atitude. Poderia construir uma praça para os moradores, instalar academia ao ar livre para os idosos, tem uma quadra que poderia ser usada pelas crianças. Hoje a criançada brinca na rua”, sugeriu.

INSEGURANÇA

A criminalidade também é alvo de reclamação da vizinhança. “Escondem droga nesse mato, nas antigas salas de aula. Tem um portão que está aberto e qualquer um entra e sai na hora que quiser. Já furtaram toda a fiação elétrica, canos, objetos de metal. Ou seja, temos um prédio que pertence ao município, mas que está largado, ninguém cuida e nem faz nada. Esse ano tem eleição e quero ver vereador e candidato a prefeito vir pedir voto no bairro”, criticou um morador, que preferiu não ter o nome divulgado.

Estrutura, toda de peroba-rosa, é de uma das primeiras escolas da rede municipal de Londrina
Estrutura, toda de peroba-rosa, é de uma das primeiras escolas da rede municipal de Londrina | Foto: Pedro Marconi

VERIFICANDO A DESTINAÇÃO

A FOLHA procurou o Núcleo de Comunicação da prefeitura, que disse que “o prédio foi devolvido para a secretaria de Governo, que está verificando qual a destinação será dada ao espaço”. Não foi informado o prazo para uma decisão. Sobre o mato alto, o N.Com ficou de passar a demanda para a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização).