São cerca de 27 anos de existência, mas ainda sem infraestrutura. Essa é a situação do Parque Industrial Buena Vista, em Londrina, à margem da BR-369, na região leste, perto da Ceasa (Central de Abastecimento do Paraná). A área que tem aproximadamente 100 empresas demanda de melhorias básicas, como o asfalto, construção de meio-fio e até mesmo a instalação de rede de galeria pluvial e de esgoto. No total são 180 lotes.

As ruas do parque misturam terra e pedra, com diversos pontos apresentando valetas, que dificultam a circulação de veículos, principalmente caminhões. “Quando está seco tem poeira, quando está chovendo é barro. São as empresas que compram pedra para colocar em frente. Já teve caminhão que ficou encalhado e foi preciso os empresários contratarem um trator para tirar”, relatou Joel Aparecido Dias de Moraes, gerente de uma indústria de perfis de alumínio e acessórios instalada no lugar há seis anos.

Outra dificuldade é o acesso, já que as pessoas precisam passar por Ibiporã para conseguir retornar e entrar no parque. Além disso, os ônibus do transporte coletivo não circulam no local. “Nem motorista de aplicativo aceita vir aqui. Os funcionários são obrigados a cruzar a rodovia, que não tem passarela, para poder chegar para trabalhar e ir embora”, lamentou. A estimativa é que são gerados dois mil empregos diretos.

O empreendimento foi construído por uma loteadora particular em 1997. “Quando todos compraram os lotes a loteadora não avisou que estava vendendo mais barato porque não ia ter asfalto. Na prefeitura, entra e sai prefeito, e sempre cai no mesmo assunto, que é a alegação de que as pessoas sabiam que não ia ter asfalto, porém, o erro foi do município em liberar o loteamento sem infraestrutura”, criticou o presidente da Associação dos Empresários do Parque Buena Vista, Valdecir Moura.

‘JOGO DE EMPURRA’

O cálculo da entidade é de que as empresas instaladas no bairro geram mais de R$ 5 milhões em tributos municipal, estadual e federal por mês. “Tentamos falar com o poder público, mas fica um jogo de empurra. Independentemente de quem construiu, as indústrias daqui estão gerando ICMS, PIS, Cofins, Imposto de Renda, pagam IPTU, geram empregos. Mas nem o poder público municipal, estadual ou federal fazem uma obra para promover melhorias”, criticou Moraes.

‘FALTA VONTADE POLÍTICA’

Segundo o presidente da associação, houve reuniões com representantes da atual administração, inclusive com a presença do prefeito Marcelo Belinati, porém, até hoje o projeto com as intervenções não saiu do papel. “Já tivemos reunião há três anos e meio, por exemplo, em que o prefeito perguntou para os técnicos (do município) quanto tempo precisava para elaborar o projeto, falaram três meses, mas demoraram um ano. Depois a prefeitura disse que precisava conseguir recurso, porque o município não tinha e que precisaria cobrar uma taxa de melhoria, o que todos demonstraram estar dispostos a pagar.”

Até em Curitiba a liderança da entidade foi para tentar verba junto ao Paranacidade. A última informação, pontuada na semana passada por meio de um vereador que tem intermediado as conversas dos empresários com o Executivo londrinense, é de que o Estado aceitou liberar o financiamento, entretanto, o município precisa ver se tem orçamento para este ano. “Estamos correndo atrás há muito tempo. Então, fico cético se vai realmente sair do papel”, comentou Moura. “O que já falei para eles é que está faltando vontade política para sair a obra”, frisou.

A reportagem não conseguiu contato com os representantes da loteadora. Em nota, a Prefeitura de Londrina explicou que "o empreendimento é particular e é de responsabilidade do empreendedor e dos donos de lotes a infraestrutura". No entanto, "há um projeto em andamento para contribuir com a solução, porém, não está finalizado, pois não há orçamento específico para isso ainda".