Aluna do primeiro ano do ensino técnico, Gabriela, de 17 anos, não toma refrigerante há cinco anos, mas ficar longe dos doces, admite, é muito difícil. Há cerca de dois anos ela descobriu que era pré-diabética e ficou preocupada porque na família dela há vários casos de doenças cardiovasculares. "Decidi tomar uma providência por conta própria e tentei corrigir a alimentação e comecei a fazer academia há um ano. Também vou a pé para o trabalho, o que dá uns 40 minutos de caminhada. Mas eu não consigo viver sem doces. Quando estou ansiosa ou nervosa, o doce me acalma. Adoro chocolate, mas já me peguei comendo açúcar puro", confessou.
A adolescente reconhece que tem uma alimentação inadequada e o consumo de "porcarias", conta, começa já no café da manhã, onde a bolacha recheada e o
leite "com muito achocolatado" estão sempre presentes. "Estou comendo fruta com mais frequência, mas como fritura. Adoro batata frita daquela que vem pronta e é só fritar e também gosto de salgadinhos." Na família, diz ela, todos têm maus hábitos alimentares. "Minha família é mais de comida mesmo, não consome muito fast food, mas tem churrasco todo domingo e minha avó cozinha com banha. Ela tem colesterol alto e hipertensão e meu avô é diabético. Eles controlam tudo com remédio."
Gabriela também sofre de dores na coluna "faz uns anos" e já percebeu que o problema é decorrente da má postura. "No final do dia sinto muita dor na lombar. Tem gente que trabalha comigo que diz ‘Se você está assim agora, imagina quando ficar mais velha’. E eu sei que vai piorar se eu não mudar."
Evelyn, de 15 anos, é o oposto. Influenciada pela mãe, que procura cultivar hábitos mais saudáveis de alimentação, ela não consome bolachas e salgadinhos, refrigerante toma com moderação e doces também. Nas refeições do dia a dia, conta, entram no prato os itens do cardápio típico do dia a dia dos brasileiros, como o arroz, o feijão, o bife e a salada. "Gosto muito de vegetais. Pode me dar o que for para comer que eu como. Amo salada. Eu penso em melhorar a minha alimentação e parar de comer algumas coisas, como os lanches, porque penso no que vai gerar no futuro. Vejo pessoas mais velhas andando corcundas, mas eu quero ficar uma velhinha saudável", planeja.
"O que a gente observa entre os adolescentes é um consumo de sódio elevado, ingestão de bebidas alcoólicas e prática insuficiente de atividade física, ou seja, é uma soma de vários comportamentos que estão sendo adquiridos na adolescência e que podem influenciar a vida adulta", alertou o professor Gustavo Arruda. (S.S.)